Araçuaí: Aluno é afastado de escola após humilhar bibliotecária
Um aluno de uma escola estadual em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, foi afastado das aulas após um video ser divulgado na internet. Nas imagens postadas nas redes sociais, o adolescente de 14 anos, que cursa o 6º ano, aparece ofendendo uma professora com palavras de baixo calão. Além disto, ele chega a bater nas nádegas e a tocar nos seios dela, enquanto os colegas dão risadas. O caso aconteceu em 10 de abril, mas se tornou público depois que foi parar na internet.
Em uma parte do vídeo, após derrubar propositalmente os livros que estavam sendo organizados pela professora, que dava aulas especiais na biblioteca, o aluno ordena para que ela os pegue no chão. A funcionária pede licença por várias vezes e é ignorada. O vídeo chegou ao conhecimento da direção da escola depois que o aluno que registrou as imagens comentou sobre o fato com uma funcionária da secretária.
Assustada com a repercussão do caso, a professora afirmou por telefone que preferia não se pronunciar. Ela conseguiu permissão para se licenciar da função, o que deve ocorrer nos próximos dias. Mesmo após as agressões, a funcionária continuou a trabalhar.
“Assim que ficamos cientes fomos até a escola para falar com a funcionária e convocamos uma reunião com os pais do aluno, que não compareceram. Um boletim de ocorrência foi registrado e a bibliotecária passou por exame de corpo de delito. Acionamos também o Conselho Tutelar e comunicamos o fato à Secretaria de Estado de Educação”, fala a inspetora da Superintendência Regional de Ensino, Maria Aparecida Afonso.
Ainda de acordo com a Superintendência Regional de Ensino, em 2014 o aluno esteve internado no Centro Psíquico de Adolescência e Infância (Cepai Fhemige) em Belo Horizonte, por apresentar um retardo mental leve, com comprometimento do comportamento e necessidade de vigilância e tratamento. O estudante foi liberado pelo médico psiquiatra em 16 dias, após atestar que ele estava reagindo de forma satisfatória aos medicamentos.
“Estamos buscando resolver o problema da melhor forma possível. Precisamos ter o olhar voltado para o professor e para o aluno também. Não podemos agir e nem pensar somente em um deles”, fala a inspetora Maria Aparecida Afonso.
A vice-diretora da escola, Silvana Melo, informou que por diversas vezes procurou os pais do estudante, mas eles não compareceram quando chamados.
“A escola não pode ser responsável por todos os problemas dos alunos. É preciso que haja um envolvimento da família e da sociedade. Somo agregadores de conhecimento, mas a educação precisa começar e ser exercitada em casa”, destaca Silva Melo.
O Conselho Tutelar confirmou que faz o acompanhamento do estudante, mas não repassou nenhuma informação sobre o histórico familiar do adolescente. O Conselho também não informou se os pais podem perder a guarda do adolescente.
Reunião e protesto
Nesta quarta-feira (27) uma equipe da Secretaria de Educação de Minas Gerais irá até Araçuaí para uma reunião. A superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino, Iara Viana, explica que o encontro vai reunir profissionais de diversas áreas, do Conselho Tutelar, da Defensoria Pública, da Superintendência Regional de Ensino, do Centro de Referência da Assistência Social e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social.
“Ainda não é possível dizer o que vai acontecer. Vamos tomar conhecimento dos fatos e analisar os antecedentes, questões muito importantes que a educação vem pautando, já que trabalhamos com o viés da prevenção. É importante que a gente entenda o histórico do professor e do aluno, para que possamos desenhar em conjunto com a equipe as metodologias de atendimento e acompanhamento de ambos”, destaca Iara Viana.
Ao ser questionada sobre um possível aumento nos casos de violência nas escolas de Minas Gerais, a representante Iara Viana disse que esta é uma realidade da sociedade em geral. “A escola não tem como se furtar disso, por ser um espaço de função social. Neste espaço, temos diversos sujeitos, e esses sujeitos, querendo ou não, reproduzem isso na escola”, diz.