O espelho d’água do reservatório da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Santa Marta vai refletir o azul petróleo de sete mil painéis de células fotovoltaicas com potência total de 1,2 MWp (megawatt-pico) instaladas sobre oito mil metros quadrados da superfície...

Essa é a primeira barragem coberta por painéis solares brasileira dessa dimensão resultante da parceria entre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que assinou um convênio no valor de R$ 24,4 milhões com o Governo do Estado de Minas Gerais com a participação direta das comunidades da região, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) – formado por mulheres e famílias chefiadas por mulheres.

“Estudos técnicos e ambientais acompanham o projeto, e envolvem a comunidade”, explica Frederico Bruno Ribas Soares, gerente de Gestão de Tecnologia e Inovação da Superintendência de Tecnologia, Inovação e Eficiência da Cemig.

Ao todo, 1.250 famílias do município serão beneficiadas de forma direta com a redução de tarifa energética e outras nove mil de forma indireta, em 21 municípios do território.

No restante do país, apenas algumas iniciativas de pequeno porte, com cerca de 50 placas, existem, como em criatórios de peixes.

Participam desse projeto a PUC Minas, as subsidiárias da Cemig, Axxiom soluções Tecnológicas e Efficientia S.A, responsáveis pela instalação das células fotovoltaicas, supervisão, controle e automação da conexão das fontes de energia.

A integração de duas matrizes de geração de energia funcionará dentro do mesmo sistema – elétrica e solar –, promovem de forma sustentável o desenvolvimento da região.

Assim, o discreto afluente do Rio Jequitinhonha, o Rio Ticororó, que enche a barragem na estação chuvosa, poderá descansar durante a seca, quando o nível cai. Isso porque a proteção dos painéis reduzirá a evaporação, e não deixará os vizinhos no escuro.

Leitura complementar: Usinas Híbridas – conceitos, barreiras à sua viabilização e propostas

 

De estado minerador a tecnológico

Investimentos de R$ 200 milhões já fazem a diferença em Minas Gerais no setor de tecnologia e inovação, que cresceu mais de 300% em quatro anos

Economia e tecnologia se misturam como ingredientes do crescimento sustentável e se alinham à inovação tecnológica, estratégia que amplia a competitividade das organizações, das regiões e dos países.

Em Minas Gerais, esse é o desafio que o governo abraçou, e, a despeito das dificuldades financeiras comuns aos estados brasileiros, conseguiu adicionar dose extra de fermento.

“Foram R$ 200 milhões em investimentos para fomentar a ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo nos últimos quatro anos”, informa o secretário Vinicius Rezende, da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Sedectes).

Para se ter uma ideia, o número de startups (companhias e empresas em início de atividade que buscam explorar atividades inovadoras no mercado) mineiras cresceu 320% desde 2015, e 556%, tendo como referência 2010.

Estima-se um total de 1.050 startups no estado. Dessas, 439 responderam ao questionário virtual enviado pela Sedectes, de acordo o Censo Mineiro de Startups e demais Empresas de Base Tecnológica (EBT), feito com o apoio da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Rede Mineira de Inovação (RMI), no ano passado.

Dentre elas, 357 se identificaram como startups e 82 como empresas consolidadas. Juntas geram mais de 2.310 empregos de qualidade.

Dentre outros pontos, o levantamento mostra que a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) concentra o maior número de startups (41%), seguido do Sul de Minas (17%) e Triângulo Mineiro (16%).

Assim, investimentos foram destinados aos programas de formação empreendedora, incentivo à tecnologia e inovação, qualificação profissional, integração e conexão com o mercado, educação superior e fomento à pesquisa, tais como o Uaitec Lab, com 220 alunos matriculados em 2018.