Você já ouviu falar sobre lar temporário para cães e gatos?
A iniciativa faz parte do processo que acolhe animais em situação de abandono e vulnerabilidade e é feita por voluntários; segundo a Aprobem em média cinco denúncias de maus tratos ou abandonos são feitas por semana
Waneska acolhe animais em casa como lar temporário há mais de um ano
Para muitas pessoas, o trabalho voluntário de ajudar no acolhimento e na recuperação de cães e gatos, que por algum motivo foram abandonados ou sofreram maus tratados, é muito mais que um hobby ou um passatempo. Essa ação é realizada como uma verdadeira missão de vida em prol dos pets, no esforço de oferecer a eles um lugar para chamar de casa, mesmo que seja por alguns meses.
De acordo com a Aprobem (Associação de Proteção e Bem Estar Animal) de Governador Valadares, por dia são feitos mais de dez pedidos de resgates de animais, e por semana, em média, a associação recebe cinco denúncias de maus tratos ou abandono. Esse pode até dobrar, principalmente do final de novembro até fevereiro.
Para acolher os animais nestas situações, o lar temporário foi uma das alternativas que os colaboradores da Aprobem conseguiram encontrar para manter a atividade da instituição. O objetivo é acolher os pets em casas de voluntários que se disponham a cuidar, tratar, dar medicamento até o animal ficar saudável.
A dinâmica é simples: “para resgatar o animal é necessário que haja um lar temporário. A partir do momento que o animal tem o lar temporário para poder ficar aí sim a gente pode fazer o resgate”, explica Lívia Marques Aredes, responsável por acompanhar e prestar assistência aos voluntários que acolhe os animais.
Segundo a presidente da Aprobem, Silvana Soares, qualquer pessoa pode ajudar como lar temporário para o pet, mas é preciso tempo e dedicação para os animais, principalmente com aqueles que sofreram com alguma violência. “O critério para ser um lar temporário e ter disponibilidade, a pessoa saber cuidar do animal, se disponibilizar a dar o remédio. O básico é ter um espaço, poder colocar o animal dentro da sua casa. Dependendo do animal ela vai precisar de espaço maior, dependendo da situação ele vai precisar de um espaço menor. ”
Uma dessas voluntárias é a professora universitária Waneska Alves, que se divide entre as salas de aulas e o resgate dos animais. Há mais de um ano ela acolhe pets em sua casa, tanto no lar temporário, como no pagamento das despesas dos animais que recebe. “A Aprobem da todo o apoio com ração, com veterinário e com medicamento. Eu fiz a opção de assumir financeiramente os animais, ” explica.
Além dos quatro gatos e dois cachorros, Waneska sempre dá um jeitinho para acolher no seu apartamento algum pet que precise de lar. “Eu tenho recebido muitas gatas com filhotes, então tem um cômodo da minha casa que eu separei para isso. Nesse momento eu estou om quatro gatas, uma adulta e três filhotes. ”A gata adulta, chamada de Nana, foi resgata desde de abril de 2018 e até hoje está com a Waneska, que já considera parte da família.
Lorena Maia também faz parte dessa rede de pessoas que ajudam a dar abrigo aos pets. A ideia de acolher animais temporariamente começou em outubro de 2017 e não parou mais. Hoje ela cuida de uma cadela que foi resgatada há mais de 7 meses. E o mais surpreendente foi quando Lorena descobriu que a cadela estava prenha.
“A gente brinca que ela foi um Kinder Ovo, porque estava prenha e pariu dez filhotes. Então eu tive a oportunidade ser lar temporário de onze cachorros ao mesmo tempo. ”Depois de passado o tempo de desmame, os filhotes foram colocados para a adoção e a Lorena continua cuidando da cadela.
Mesmo com as dificuldades e a responsabilidade de cuidar de um pet que esteja em uma situação de vulnerabilidade, Waneska também entende da importância de realizar esse trabalho, e que na verdade o maior desafio é não se apegar aos pets. “Essa situação é muito complicada, porque quando você gosta você se afeiçoa; por exemplo, os filhotes que estão lá em casa já há quatro meses, e você se afeiçoa. Mas assim, o amor à causa acaba falando mais alto, porque você sabe que se encher a casa de animais você não poderá ser mais lar temporário.”
Lorena também concorda com essa realidade que os voluntários passam, mas acredita que a recompensa de ter o animal feliz e saudável no final vale a pena e muda a vida da pessoa que acolhe o pet. “É muito gratificante, porque o animal reconhece muito. Então, quando eu chego em casa, eles pulam em mim, brincam, me lambe, é a maior gratificação que você pode ter. Esse carinho do animal, esse reconhecimento e essa ingenuidade que eles têm é muito bacana por isso.”
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