Gaeco tem acesso a gravações que comprovam ação de quadrilha responsável pelo tráfico no Vale do Aço
Quadrilha é responsável pelo tráfico de drogas nos municípios de Belo Oriente e Ipatinga; ao todo, 11 pessoas já foram presas desde o começo das investigações, no fim de 2016, e número de mulheres envolvidas chama atenção
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) teve acesso a gravações que comprovam a atuação de uma quadrilha responsável pelo tráfico de drogas nos municípios de Belo Oriente e Ipatinga, no Vale do Aço. Ao todo, o Gaeco já prendeu 11 pessoas dessa quadrilha ao longo da operação Amaryllis, que teve início no fim de 2016. No final de setembro, o Gaeco fez uma operação e cumpriu mandados de busca e apreensão e prisão contra seis dos investigados, que foram presos temporariamente.
"Um efetivo de 28 policias, entre militares e civis, bem como nove viaturas, foram até Cachoeira Escura, que pertence a Belo Oriente, e no Bairro Planalto, em Ipatinga. Nessas localidades, as casas foram abordadas, foi feita a busca e apreensão de objetos ilícitos e em algumas delas foram apreendidos celulares, entorpecentes, materiais típicos para dolar, embalar e fazer as tratativas comerciais relativas aos entorpencentes. Por fim, as pessoas que eram alvo da operação foram identificadas, abordadas e presas", afirma o capitão da Polícia Militar Anselmo Pedrosa.
Mãe - "oi, Thais!"
Thais - "você mandou dar as coisas ao Toni aqui?"
Mãe - "eu não! Ele veio cá me pedir. Eu falei com ele, eu não posso te dar nada não, você tem que pedir a Thais, não é eu não. Ele deixou R$ 10 de carne aqui. Eu achei que ele iria trazer a carne e ele mesmo lá ia fazer ela. Ele mesmo falou comigo. Me dá um pino aí".
Thais - "ah, porque eu não vou dar não. Se você for pagar pra ele eu vou dar ele, porque eu não posso ficar dando não mãe, porque meus pinos já tão contado pra eu pagar o homem lá".
Dentre os presos, dois deles, Thais Alves de Lanes e Jeferson Oliveira Silva, são apontados pela polícia como líderes do comércio de entorpecentes em Cachoeira Escura, Distrito de Belo Oriente. Em uma interceptação telefônica, Thaís falou com a própria mãe sobre o estoque de droga.
Em outra gravação feita pela polícia, o flagrante da conversa de Jeferson e um outro homem sobre a compra de uma arma.
- Jeferson - "eu não confio em mais ninguém não. Não estou confiando nem na minha mulher, pra falar a verdade com você, brow"
- Outro indivíduo - "risos"
- Jeferson - "rapaz, minha vida mudou. Não me tira não, irmão. Eu vou em São Paulo. Vou comprar uns dois revolveres. Eu vou comprar um oitão grande. Vou andar com ele dentro do bolso irmão. Qualquer hora já vou colocar aquele trem na cincutra. Não estou nem aí não. Ao invés de ver a minha mãe chorar, prefiro ver a mãe dos outros chorar. Quando eu ver que o cara cismou vou sentar o ar, pode ser qualquer hora. De dia, de noite, qualquer hora!"
Em mais uma interceptação, a polícia flagrou a conversa de uma das mulheres presas comprando drogas.
- Késia - "deixa eu falar com você. Desce aqui na porta com aquele mesmo tanto de negócio (droga) que você me deu aquele dia".
- Indivíduo - pode!
- Késia - "pode crer então".
De acordo o promotor do Ministério Público, Bruno Schiavo, o que chamou bastante atenção da polícia foi o número de mulheres envolvidas na organização criminosa, sete no total, 11 envolvidos. "Não é usual essa quantidade tão expressava de mulheres. A gente ainda destaca que o pai da chefe da organização criminosa também foi indiciado, e no dia da operação jogou drogas no vaso sanitário e deu descarga para dificultar a apreensão das substâncias entorpecentes", afirma o promotor.
Segundo a investigação, os envolvidos não tinham o costume de armazenar grande quantidade de drogas. Mesmo assim, durante o processo de investigação 250 pedras crack e 70 papelotes de cocaína foram apreendidos. "Todos respondem pelos delitos previstos na lei de tóxicos, tráfico e associação para o tráfico, com penas mínimas de oito anos para os crimes, podendo chegar, com certeza, a muito mais, já que algum deles são reincidentes", explica o promotor.
De acordo com o Gaeco, a polícia já conseguiu traçar a rota do tráfico e descobriu a origem da droga, mas não descarta novas operações. "Novas ações policiais estão sendo agendadas no sentido de até se qualificar outras pessoas, que inicialmente, pelas conversações telefônicas, nós ainda não conseguimos fazer. E essas operações certamante virão, até mesmo para que possamos descortinar por completo essa organização criminosa", conta o delegado do Gaeco Gilmaro Alves.
Compartilhar: