Ele estava em um hospital de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde foi internado após sofrer um infarto na última quinta-feira (18).

Coronel Affonso, como era conhecido, teve papel importante como pioneiro de Brasília. Ele era o último integrante vivo da equipe do ex-presidente Juscelino Kubitschek, de quem era amigo pessoal.

Em 1956, junto de JK, ele fez parte da comitiva que assinou o documento pedindo ao Congresso Nacional a mudança da capital para o Centro-Oeste e a criação a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). No mesmo ano, visitou pela primeira vez a região onde Brasília seria construída.

Durante o governo JK, Affonso Heliodoro atuou como subchefe do Gabinete Civil e presidiu o Serviço de Verificação das Metas Econômicas do Governo (SVMEG) e o Serviço de Interesse Estaduais (SIE).

Ele só se afastou da capital para acompanhar Juscelino no exílio político em Paris, na França, durante a ditadura militar.

Quando voltou a Brasil, o coronel passou a gerenciar o Memorial JK, localizado no Eixo Monumental. Ele administrou o espaço desde a construção, em 1981, até 1996, quando passou a dirigir o Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal. Ele ocupou a presidência do órgão até 2016, quando completou 100 anos de idade.

Biografia

Nascido em Diamantina (MG) em 16 de abril de 1916, Affonso Heliodoro dos Santos era conterrâneo de JK e foi aluno da mãe de Juscelino, a professora primária Júlia Kubitschek.

Ele se formou em direito pela antiga Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, mas voltou para Minas Gerais e entrou para a Polícia Militar. Foi promovido até o cargo de coronel.

Em Minas, Affonso Heliodoro virou chefe do Gabinete Militar no governo Juscelino. Em seguida, coordenou as campanhas eleitorais de JK para a presidência do Brasil, em 1956, e para o Senado, em 1961. Ele comandou o Movimento JK-65, que pretendia lançar o ex-presidente de volta ao poder, mas a candidatura acabou abortada pelo golpe militar de 1964.

O coronel estabeleceu-se com a família no Distrito Federal e, em 1998, recebeu o título de cidadão honorário de Brasília.

Em 2016, foi recebido pelo presidente Michel Temer no Palácio do Planalto. O encontro durou menos de 20 minutos e Heliodoro não falou com a imprensa após a reunião.

Affonso Heliodoro dos Santos era viúvo. Ele deixa três filhos, 12 netos e seis bisnetos. O pioneiro será velado a partir das 8h de domingo (21), no Cemitério da Colina, em Belo Horizonte. A pedido dele, o corpo será cremado. A cerimônia começará às 15h.

Affonso Heliodoro em evento de comemoração dos 99 anos —

Affonso Heliodoro posa para foto ao lado de Michel Temer