Cadela da raça Border Collie é treinada para acompanhar cadeirante em Ipatinga
Cadela Brisa foi comprada pela dona de casa Juliana Lopes para acompanhar o irmão dela, que é tetraplégico; ela está sendo treinada por um cinotécnico e comportamentalista há três meses.
Os animais são companheiros fiéis para todos os momentos e garantem a alegria no lar. Mas além disso, alguns cães também podem ser treinados para a cumprir uma missão muito especial, que é a de acompanhar pessoas com deficiência. Esse é o caso da mascote Brisa, que foi comprada pela dona de casa Juliana Lopes para alegrar a família e ficar junto do irmão dela, o advogado Ricardo Lopes, que ficou tetraplégico há 11 anos após um incidente em um clube.
Brisa é uma cadela da raça Border Collie, considerada mais inteligente do mundo. Ela já está com a família desde fevereiro deste ano, e para quem acredita em destino, a cadela vai completar um ano no dia 26 de novembro, mesma data de nascimento da Juliana. “Eu e o meu irmão queríamos comprar um mascote para nossa casa, aí começamos a pesquisar sobre raças de cachorro inteligentes e vimos que a Border Collie é considerada a mais inteligente, então decidimos comprar. Quando a Brisa chegou nas nossas vidas eu já procurei um especialista para fazer um adestramento com o intuito dela ser uma parceira para o meu irmão, que é cadeirante”, conta Juliana.
De acordo com o cinotécnico e comportamentalista Thales Reis, responsável pelo treinamento da Brisa, a cadelinha já está se preparando há alguns meses e em breve deve estar preparada para cumprir sua missão. “Estamos na fase final do adestramento para acompanhamento de cadeirante. O animal tem que acompanhar o ritmo, a velocidade da cadeira e as manobras, além de estar atento aos comandos dados pelo condutor. Ela também está se socializando, ficando indiferente ao ambiente e aos outros animais. Estamos quase na metade do terceiro mês de adestramento e ela faz oito aulas mensais”, explica.
Juliana conta que desde que Brisa começou a frequentar as aulas seu comportamento não é mais o mesmo. “Mudou muito. A Brisa melhorou significamente o comportamento dela, e com as aulas, ela aprendeu muito que tem que ser parceira do meu irmão, parece que ela sabe que tem que cuidar dele. É muito bonitinho o carinho que ela tem por ele. a Brisa tem energia demais, comia os rodapés da casa direto. O adestrador me ensinou como me comportar com esse excesso de energia dela e trabalhou muito com ela isso, aprender a canalizar a energia dela com comportamentos adequados”, declara.
A cadela chegou na família quando eles passavam por um momento difícil e segundo Juliana, ela agitou a casa que antes era bem parada. “Aqui em casa são só eu e o meu irmão, e aí com a chegada da Brisa trouxe uma alegria tremenda para o nosso lar. A gente fica encantado a cada dia de ver a evolução dela, o quanto ela é inteligente, nós somos papais orgulhosos. Meu irmão chega morto de cansado do trabalho, aí assim que ele chega, ela já corre para ele e quando eu abro a porta do carro, ela já pula no colo dele e faz todo um carinho, e aí o coração do meu irmão amolece todo”, afirma.
Em relação ao cumprimento da missão de acompanhar o irmão, que é tetraplégico, Juliana diz que percebe a diferença na forma de tratamento da cadela. “É muito bonitinho, ela trata ele de forma diferente, parece que ela entende que está aqui para ser a parceira dele. Ela não tem o zelo comigo igual tem com o Ricardo, isso me impressiona muito, ela é muito cuidadosa com o Ricardo. Com o adestramento, Brisa melhorou a relação de carinho e cuidado com meu irmão. Como o Ricardo não consegue segurar uma coleira, o adestrador está ensinando a Brisa a andar sem coleira e sempre do lado da cadeira, se o Ricardo para, ela tem que parar e sentar, e a danada já está fazendo bonitinho isso”, conta.
De acordo com o comportamentalista, além da alegria de ter uma mascote em casa, existem vários benefícios em treinar um cão para ser acompanhante. “Pesquisam apontam que brincar com um cão ou gato pode elevar os níveis de serotonina e dopamina, que acalma e relaxa. A companhia de um animal de estimação também pode aliviar a solidão; a maioria dos cães é um grande estímulo para o exercício saudável, o que pode melhorar substancialmente o humor e aliviar a depressão. Normalmente pessoas que se tornam cadeirantes, como no caso do Ricardo, acomete a depressão e essa cadela está ajudando muito nessa situação”, afirma Thales.
O cinotécnico explica que a demanda para cães acompanhantes de pessoas com deficiência ainda é pequena na região. “Esse é o primeiro cão que eu treino para acompanhar um cadeirante, mas estou fazendo um trabalho com um outro cão para uma adolescente que tem lesão no cérebro, por exemplo. E também já treinei outro animal para acompanhar uma pessoa com autismo. A demanda para adestramento, no modo geral, é muito grande”, conta.
Cadela Brisa garante a alegria e agitação da casa
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