“Eu estive lá”. Há algo de encantado nessas palavras. O FESTIVALE é um estado de ser, mas também um exercício de estar. Estar presente, estar disposto, estar junto, estar entregue. Todas as pessoas que estiveram em Felisburgo, entre 22 e 28 de julho de 2018, ofereciam algo de próprio ao movimento que celebra a resistência e a diversidade.

A arte é um exercício humano e, portanto, social e cultural. Durante toda a semana a produção artística esteve presente. Nas oficinas oferecidas, trocas artísticas de diferentes áreas, numa proposta de sustentação e continuidade do movimento cultural do Vale. No teatro, que também ganhou força ao ocupar diferentes espaços e acolher artistas tão nossos que têm se destacado. E na Feira de Artesanato, que trouxe um mostruário significativo da produção material de uma das regiões mais importantes para o artesanato nacional.

A melodia tem estar especial no Festivale, entre a grandeza dos shows, a proximidade da Barraca Festivale, o cuidado dos músicos do Festival da Canção, a alegria das rodas de dança, a resistência dos cantos dos grupos de Cultura Popular.

Os homenageados desta edição, Mestra Cirila, Valdivino Muniz, Glória de Cássia, Walter Hugo, Wiliam Pinheiro, Robson Waite, a presença popular nas rodas de conversa e a Mostra de fotografia, desenham, juntos, um encontro que entrelaça a memória e a luta.

E a poesia? A poesia também estava. Por toda parte. Na encantadora Noite Literária, no Encontro dos Poetas e Escritores do Vale, nos recitais, nos contos, nos causos, nos sorrisos, nos abraços. Nas pessoas! Há sempre algo de poético nos encontros.

As pessoas são a essência do FESTIVALE. Pessoas que compõem a FECAJE, e lutam pela sobrevivência do movimento, pessoas que vêm conhecer, pessoas que acolhem, pessoas que se doam, pessoas que convivem nos alojamentos e no dia a dia de festival. Pessoas que buscam pessoas.

Felisburgo recebeu, e carinhosamente, visitantes de todo o Vale. E do mundo. A delicadeza da cidade, a beleza das pracinhas e da lagoa, a simplicidade de suas ruas, trouxe para a força da cultura de resistência uma sutileza que acolhia e enalteceu o que a vida tem de mais bonito: estar junto, para ser humano.

Herena

Escritora e Militante Cultural

Itinga, 05 ago 2018