Os mais de 200 caminhoneiros que estão parados no acostamento da BR-381, e em outros trechos de rodovias no Vale do Aço, em protesto quanto à alta do preço do combustível desde a segunda-feira (21), estão recebendo apoio da população. No acampamento improvisado no canteiro central da rodovia, diversos tipos de alimentos são doados por quem passa pela manifestação, como água, frutas, verduras, pães, biscoitos, leite e café.

“A população abraçou a gente. A greve é deles também, não é só nossa. Eu sou de Divinópolis, mas eu já até parabenizei a população de Ipatinga e região, que está abraçando a causa também. Eles têm trazido muito alimento. Como se diz, só passa fome aqui quem quiser, porque alimento tem demais”, afirma Idalcir Francisco, que é caminhoneiro há 25 anos e está no local desde o início do ato.

No Vale do Aço, a paralisação não conta a coordenação do sindicato da classe. Conforme os participantes, todas as decisões estão sendo tomadas em grupo. “Aqui nós não temos líder, aqui todo mundo fala, dá sua opinião, ajuda. É a classe inteira, todo mundo abraçando a mesma causa. Começou com a gente, mas a gente está juntando mais pessoal. A população, a sociedade toda está a favor da gente, até a polícia militar, desde de que a gente respeite o trabalho deles, eles estão apoiando a gente também", diz o motorista Carlos Roberto Souza.

De acordo com os manifestantes, a comunicação entre os caminhoneiros é feita através das redes sociais e de grupos de todo o país para organizar a greve da classe e as ações nas rodovias. Segundo Idalcir, a paralisação já estava prevista pela classe a alguns dias. “Foi decidido na segunda de manhã, por volta das 5h que nós iriamos parar; foi divulgado a nível nacional. Nós já sabíamos que haveria a paralisação há mais tempo. A orientação era não sair de casa, mas nós não acreditávamos que iria ter essa repercussão, pois várias já foram feitas e não funcionaram”, afirma.

Ato pacífico

André Ferreira, um dos caminhoneiros de Ipatinga que aderiu à greve, o grupo decidiu que apenas caminhões de carga vão ser parados, permitindo que o trânsito tenha fluídez normal para os demais veículos. “Se for para liberar um caminhão ou se for para barrar a gente pergunta, 'gente, o que vocês acham?'. Carros pequenos, vans escolares, ônibus, caminhões com carga viva, com oxigênio para hospital, com remédios, de coleta de lixo e dos Correios estão passando. A gente só está parando caminhão com carga. Nada que vá prejudicar a população”.

Nesta terça-feira (22), segundo os caminhoneiros, o motorista de um caminhão de hortifrúti que está parado na manifestação doou a carga para instituições sociais; os produtos corriam risco de perder validade. "Aí a polícia veio, escoltou o caminhão e ele doou para três instituições em Ipatinga. Depois disso, o caminhão voltou para cá e está aqui com a gente”, conta Idalcir Francisco.

De acordo com os caminhoneiros, não há previsão para término da paralisação. Eles pretendem continuar estacionados no acostamento da BR-381 até que uma decisão do governo favorável à redução do preço do combustível seja documentada.

Reajuste
A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (23) novo reajuste no preço dos combustíveis nas refinarias. O preço do litro da gasolina baixou 0,62%, passando de R$ 2,0433 para R$ 2,0306. Já o do diesel caiu 1,14%, de R$ 2,3351 para 2,3083.