Operação prende quadrilha que transportava, por mês, meia tonelada de maconha para a região do Vale do Aço
Ao todo, 16 pessoas foram presas nos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Caratinga e João Monlevade; presos fazem parte de esquema de tráfico de drogas gerenciado por detentos.
A investigação conjunta entre a Polícia Civil, Polícia Militar e Ministério Público, no combate à criminalidade organizada resultou, ao todo, na prisão de 16 pessoas nos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Caratinga e João Monlevade, todas suspeitas de fazerem parte de um esquema de tráfico de drogas gerenciado por detentos. Só na operação Ares, deflagrada na manhã desta segunda-feira (23), a PM realizou a prisão temporária de 11 pessoas. Das cinco pessoas presas anteriormente, dois homens foram presos em Ipatinga no mês passado.
Essa quadrilha era responsável pelo tráfico mensal de cerca de meia tonelada de maconha para a região do Vale do Aço e cidades vizinhas. E para a compra dessas drogas, eles estariam envolvidos em um esquema de roubos à instituições bancárias. Além dos 11 suspeitos presos na manhã desta segunda, outras três pessoas que tiveram o mandado de prisão temporária expedido continuam foragidas, incluindo o chefe dessa quadrilha, um homem de 27 anos.
Segundo o tenente coronel Juliano Fábio Lemos Dias, as investigações começaram após a Polícia Militar recuperar duas toneladas de maconha em apenas quatro apreensões, todas com os mesmos modus operandi e envolvidos. A apreensão de 500 kg de maconha em Bom Jesus do Amparo, em 2017, foi o estopim para o início das investigações.
De acordo com o promotor do Ministério Público, Bruno Schiavo, a criminalidade organizada no Vale do Aço está negociando essas grandes quantidades de drogas diretamente com produtores de fora do estado de Minas Gerais e talvez até mesmo do exterior.
“Os bandidos estão organizados de tal forma que tem se refinado cada vez mais, isso ficou bem claro ao longo de nossas investigações. Os próprios bandidos do Vale do Aço, o que não era de costume, agora se dirigem diretamente às regiões de fronteira para buscar os entorpecentes, ou seja, acabou-se com aquela figura do atravessador. Os nossos bandidos do Vale do Aço estão indo até as regiões de fronteira, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e negociando diretamente com os produtores. Há ainda de se apurar uma possível transnacionalidade do delito, o que quer dizer que eles estariam comprando em outro país a maconha, no caso mais específico, no Paraguai”, explica.
Dois homens são presos em Ipatinga, após tentar receber uma tonelada de maconha
De acordo com o delegado do Gaeco, Gilmaro Alves, existe a suspeita de que algumas pessoas facilitavam a entrada de drogas e celulares nas unidades prisionais, de forma que mesmo presos, alguns dos membros dessa quadrilha continuavam comandando o tráfico de dentro dos presídios. “Existem inclusive investigações dando conta de pessoas que estariam ingressando com celulares e drogas para presos no interior das unidades prisionais. Inclusive de pessoas que não deveriam estar desse lado. Nós temos investigações apontando a possibilidade de até envolvimento de advogado”, conta.
O G1 teve acesso exclusivo a um áudio de um dos homens presos na operação de hoje, Juliano José dos Santos, o “Juca” sobre o suposto envolvimento de um advogado no tráfico de drogas para dentro do presídio.
O delegado regional de Ipatinga, Tiago Henrique Alves, informou que novas investigações deverão ser tomadas a fim de descobrir a origem do dinheiro utilizado para a compra das grandes quantidades de drogas. “A gente vai agora buscar uma nova etapa para essa operação. Tentar identificar de onde vem esse dinheiro que eles utilizam para comprar drogas, para trazer tanta quantidade de drogas para a nossa região, para que a gente possa retirá-lo de circulação e descapacitarmos essa organização criminosa”, diz.
De acordo com o procurador do MP, Bruno Schiavo, provavelmente todos os envolvidos vão ser indiciados pelos crimes de associação criminosa, tráfico de entorpecentes e associação para o tráfico.
Fonte:
G1
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