Famílias de lavradores ficam cada vez menores no Vale do Jequitinhonha
Quantidade de pessoas nas casas diminuiu significativamente não somente com a saída dos trabalhadores, mas também pela redução da taxa de natalidade
Depois de ter vivido 30 anos sem a presença do pai, Edileusa, com o pequeno Guilherme, vê o marido partir para trabalhar desde que se casou, há cinco anos
Ao percorrer localidades rurais do Vale do Jequitinhonha, a reportagem do Estado de Minas constatou que a quantidade de pessoas nas casas diminuiu significativamente, não somente por causa da saída dos homens para o corte de cana e para a colheita de café. Houve uma redução da taxa de natalidade. As famílias numerosas, de sete, oito ou mais filhos do passado, foram substituídas por núcleos bem menores.
“De fato, hoje as famílias são pequenas, de dois ou três filhos, no máximo. As mulheres aprenderam a evitar ter filhos”, afirma Eliete Silva Meira, agente de saúde do distrito de Cansanção, em Minas Novas. Ela informa que na unidade de saúde é feita a distribuição de anticoncepcionais, com a orientação aos casais sobre o planejamento familiar.
Além da orientação pelo serviço de assistência à saúde, a redução do tamanho das famílias é influenciada pela questão econômica. Casada há cinco anos, a lavradora Edileusa Soares Alves, de 30, da comunidade de Gravatá, em Chapada do Norte, é mãe de Mikaelly, de 4, e de Guilherme, de 10 meses. Já a mãe dela, Maria do Rosário Soares, de 68, teve sete filhos. Edileusa confessa que, “se pudesse”, também teria uma prole numerosa. “Mas a vida está muito difícil”, afirma a mulher.