O delegado Bernardo Pena Salles,  que está preso em Belo Horizonte desde junho de 2016, por participar de uma organização criminosa, foi condenado a 19 anos, 7 meses e 20 dias de prisão em regime fechado. A decisão foi divulgada nesta terça-feira (7) pelo Juiz de Uberlândia (MG) Paulo Roberto Caixeta que determinou ainda a perda do cargo público de Delegado da  Polícia Civil de Minas Gerais.

Da decisão cabe recurso ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) que poderá manter ou modificar a sentença do Juiz.

Pena Sales tem 35 anos e está há nove anos na corporação. Ele já foi delegado em  Araçuaí,  e Uberlândia e antes de ser preso, havia sido designado para ser Delegado Regional em Governador Valadares . Ele é casado. A mulher e a filha menor,  residiam em Araçuai.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o delegado Bernardo Penna Salles e mais cinco policiais de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, foram investigados por suspeita de extorsão, corrupção passiva e ativa, organização criminosa, obstrução da Justiça, falsidade ideológica; fraude processual;  tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. A unificação das penas resultaram na condenação do delegado e de outros 4  policiais civis que atuavam na Delegacia de Uberlândia. Um outro acusado, Merquis Pinga Pinheiro de Castro, que  não é policial, vai cumprir pena em regime aberto, por ter colaborado com as investigações. Ele é acusado de dar propina aos policiais.
Segundo o promotor Daniel Marotta Martinez, as investigações começaram em novembro de 2015. Além do delegado mais três policiais civis foram condenados.
"Os policiais pediam propina aos integrantes das quadrilhas investigadas durante as operações 'Catira' e 'Fideliza', que foram ações que agiram contra organizações criminosas que atuavam no roubo de cargas na região”, contou o promotor Daniel Marotta.

Quando o escândalo estourou, o delegado Bernardo Pena Salles estava em Araçuai, no Vale do Jequitinhonha. Para não ser preso na cidade pela Polícia Militar, ele contou com a ajuda de um amigo para  chegar até Belo Horizonte, onde se entregou à Corregedoria da Polícia Civil, no dia 27 de junho de 2016.

A ação do Ministério Público (MP)  que investigou os policiais,  recebeu o nome de "Serendipe" que significa algo que foi descoberto por acaso. O MP disse que celulares, documentos, computadores, procurações e outros objetos foram apreendidos e que delações premiadas de detidos nas operações "Catira" e "Fideliza" ajudaram na prisão dos suspeitos.

A operação "Serendipe" teve como foco a investigação de desvios de conduta por parte de policiais civis de Minas Gerais. A primeira fase foi deflagrada em 23 de junho de 2016 em Uberlândia. Desde o início da operação,  comandada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de Uberlândia 18 policiais civis foram presos. Destes, nove eram lotados em Uberlândia, cinco lotados em Uberaba e quatro lotados em Belo Horizonte. Além disso, foram deflagrados mais de uma dezena de ações penais.
"Escutas telefônicas e delações premiadas ajudaram nas investigações.  Documentos físicos e eletrônicos, anotações que têm ligação com os crimes foram apreendidos", explicou o promotor Adriano Bozola.

Em sua decisão o Juiz de Direito Paulo Roberto Caixeita, afirmou que o delegado Bernardo Pena Salles deixou de honrar com o nome da Polícia Civil e colocou em risco toda a imagem da Corporação, causando completo descrédito à administração pública no tocante à área de segurança, porque, segundo o juiz, o delegado e os outros policiais civis, participaram de uma organização criminosa, se valendo da função que ocupavam para a prática de diversos crimes.

A Ordem dos Advogados do Brasil- OAB- seção Minas Gerais, deverá abrir processo administrativo para  fins de suspensão ou cassação da Carteira da Ordem, já que Bernardo Pena Sales é advogado.

A Assessoria de Comunicação da Polícia Civil deverá divulgar nota no final da tarde desta quinta-feira (9).