O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou na noite desta segunda-feira (30) caravana por Minas Gerais com ato em Belo Horizonte. Na praça da Estação, região Central, Lula afirmou que perdoa os golpistas – sem citar nomes – que “estão prejudicando o andamento do Brasil”.

 

O petista disse também achar que a corrupção na Petrobras "foi criada" para deixar a empresa pública enfraquecida e ser privatizada. Lula ainda disse que espera que membros da Justiça peçam desculpas pelo que chama de perseguição contra ele.

 

O ex-presidente se comparou ainda aos também ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart que, segundo Lula, foram “demonizados” por adversários.

 

“Demonizaram Getúlio Vargas, Depois essa gente achincalhou Juscelino Kubitschek. Eu sou mais paciente do que Getúlio. Eu sou mais paciente que o João Goulart. Talvez eu seja mais paciente que o Juscelino. Estou perdoando os golpistas, que estão acabando com esse país. Agora, estamos percebendo que eles deterioram o país”, afirmou.

 

Lula demonstrou nervosismo durante discurso ao falar da Lava Jato, operação em que foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a nove anos e seis meses de prisão. O petista desafiou a Justiça a provar algum delito contra ele. “Foram na minha casa, levantaram o meu colchão procurando ouro? Dólar? Cocaína? Cocaína acharam em helicóptero por aí. Quero que provem algo contra mim”, afirmou.

 

Lula criticou ainda a elite brasileira que, para ele, foi responsável por não criar universidades no Brasil. “Todos na América tiveram faculdades no século 19. O Brasil só em 1920 [Universidade do Rio de Janeiro]. A elite do país era a mais perversa do continente, porque nunca se preocupou com educação no Brasil, porque seus filhos foram para a Europa. Filho de pobre era para trabalhar, não para estudar. É a única explicação que eu tenho”, disse. 

 

O petista também criticou o senador Aécio Neves (PSDB). Segundo Lula, projetos feitos no governo do PT eram usados por Aécio como se fossem dele. "Tínhamos o "Luz para Todos" e ele falava que era Luz de Minas. Fazíamos casas e ele dizia que era ele", disse.

Oficialmente, as visitas de Lula estavam marcadas nas cidades de Ipatinga, Governador Valadares, Teófilo Otoni, Itaobim, Salinas, Itinga, Araçuai, Montes Claros, Bocaiúva, Diamantina, Cordisburgo e Belo Horizonte. Mas Lula acabou passando no total por 20 cidades mineiras.

 

 

 

'Dilma candidata'

 

 

No ato pró-PT, o senador Lindbergh Farias (RJ) deu a entender que a ex-presidente Dilma Rousseff deve disputar uma das duas vagas no Senado Federal nas eleições do ano que vem. “Quando vejo o Aécio em Brasília, eu penso: seria uma grande reparação histórica se Minas Gerais escolhesse Dilma para o Senado”, afirmou. O PT já articula a candidata de Dilma ao Senado, mas até o momento não definiu se ela disputará por Minas Gerais, Estado de nascimento, ou pelo Rio Grande do Sul, Estado em que viveu maior parte de sua vida.

Ao discursar, Dilma afirmou que o processo de impeachment que a tirou do governo em 2016 foi “fraudulento”. A petista aproveitou o momento para chamar o senador Aécio e o atual presidente Michel Temer de “golpistas” e que eles “estão salvos”, ao citar o afastamento do senador, que foi rejeitado pelo Senado,  e a denúncia contra Temer, que não prosperou na Câmara dos Deputados. 

 

 

Pimentel

 

 

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, fez discurso para dizer que com Lula o País era melhor. Ele aproveitou para fazer rápidas críticas aos ex-governadores Aécio Neves e Antonio Anastasia. “Deixaram o Estado destruído. Tripudiaram em cima dos servidores. Criaram aquela palhaçada que é a Cidade Administrativa”, disse. O governador mineiro foi vaiado pela população, enquanto Lula e Dilma ovacionados. 

 

 

Caravanas

 

 

Lula disse mais cedo, nesta segunda-feira (30), que decidiu realizar caravanas depois das eleições de 1989. “Depois que terminou a eleição de 89, eu descobri que nenhum candidato que disputa a eleição para presidente conhece o Brasil”, disse.

 

 

O petista disse que em uma campanha eleitoral, devido ao pouco tempo para andar pelo País, o candidato não consegue perceber os problemas do Brasil. “Numa campanha, você pega um avião, sabe, onde você mora, você desce na outra capital, você desce no aeroporto, pega um carro, vai para palanque, faz um discurso, você não conhece nem as pessoas que estão no palanque, volta pega avião, vai para outra cidade... Você termina não tendo noção dos problemas, da cultura, das desigualdades”, afirmou.

A eleição de 1989 foi a primeira que Lula disputou. Durante o governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992)  Lula realizou caravana e passou por cerca de 300 cidades. Hoje, Lula diz que a Televisão brasileira não mostra conteúdo de todos os estados brasileiros, apenas São Paulo e Rio.

“A partir daí, eu achei que a gente deveria revisitar o Brasil. Ou seja, houve um avanço nessa região [Minas Gerais]. Houve avanço considerável com a universidade, com escolas técnicas, com Pronac, Luz para Todos... E qual a decepção que tenho? Muita coisa está paralisando, muita coisa está diminuindo. Volta a se consagrar o empobrecimento”, disse.

 

'Suntuosidade'

Lula afirmou que passou, na década de 1950, por Teófilo Otoni quando deixou o Nordeste com destino a São Paulo. Segundo ele, a situação da região melhorou. “Agora, tem coisas que dá muito orgulho. Você chegar em Teófilo Otoni e aquela universidade é uma suntuosidade para aquela região. Negócio de emocionar”, afirmou.

 

Lula finalizou ao dizer que para convencer o mundo de que o Brasil pode dar certo, a população pobre deve estar na economia. “Na minha opinião, o jeito mais extraordinário [para o Brasil crescer] é colocar o pobre dentro da economia”, disse.

 

Pesquisa

 

Nesta segunda-feira (30) uma nova pesquisa de intenção de voto coloca ele e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em segundo turno na disputa presidencial de 2018, com o petista liderando a corrida.