'Mateus foi o último que consegui tirar', conta pedreiro que ajudou a salvar crianças em Janaúba
Gilvaldo Oliveira Almeida disse que retirou pelo menos sete crianças em meio às chamas da creche Gente Inocente e não se esquece do desespero no local
O pedreiro Gilvaldo Oliveira Almeida nunca vai se esquecer do desespero do menino Mateus Felipe Rocha Santos, com 5 anos completados no último dia 27, em uma janela da Creche Gente Inocente, que se incendiava. Ele, que ajudou a salvar crianças, conta que retirou pelo menos sete vítimas do meio das chamas. Mateus foi o último que resgatou, e acabou se tornando o nono ferido a perder a vida devido à tragédia. O corpo dele foi enterrado ontem, com honras militares, no cemitério da cidade.O pedreiro não se esquece das cenas de horror que presenciou. “O último que consegui tirar foi o Mateus, que estava na grade da janela, do lado contrário da única porta de saída da sala incendiada. Por isso sofreu tanto”, disse, durante o velório do garoto, ontem, em Janaúba.
O padre Valdeci Pereira Souza, que nasceu no Bairro do Barbosa, onde mora a família de Mateus e da maioria das vítimas, disse que pessoas como o pedreiro Gilvaldo foram enviadas por Deus. “As pessoas perguntam onde estaria Deus naquele momento, mas Deus contribuiu enviando forças à aquelas pessoas que ajudaram a salvar crianças e impediram que a tragédia fosse maior”, disse o religioso, também chocado com a situação.
Mateus estava internado no Hospital João XXIII desde sábado, quando foi transferido em estado grave do Norte de Minas. A morte dele foi confirmada na segunda-feira. O velório ocorreu em casa de parentes no município. Durante a cerimônia, a mãe dele, Valdirene Santos, de 38, fez todos se emocionarem, ao conversar com o filho. “Meu filho, ao lado de Deus, reze para que seus coleguinhas, que também ficaram feridos, consigam sair desse sofrimento”, pediu.
No início da tarde de ontem, o corpo do garoto seguiu para o cemitério da cidade, acompanhado de dezenas de pessoas. Mateus recebeu homenagem de 10 militares que compareceram ao sepultamento. “A homenagem foi prestada porque o garoto foi um guerreiro e lutou muito pela vida. Ele tinha o sonho de ser policial militar, por isso prestamos esse reconhecimento em um momento que é muito triste”, disse, emocionado, o sargento Darlisson Francisco Rodrigues. Junto ao caixão, foram colocados dois carrinhos, ainda embrulhados em papel de presente, que o garoto iria ganhar.