Pescadores fazem protesto e cobram maior valor de indenizações em Governador Valadares
Manifestantes recebem auxílio financeiro de cerca de R$ 1.300 desde que pesca foi afetada pela contaminação do Rio Doce; eles afirmam que valor é insuficiente.
Dezenas de pescadores e seus familiares fizeram protesto na linha férrea nesta segunda-feira (25) em Governador Valadares (MG). O grupo cobra reajuste do valor do auxílio financeiro oferecido pela Fundação Renova como compensação emergencial pelos danos provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, fato que contaminou o Rio Doce e interrompeu a atividade profissional que era exercida pelos pescadores.
Segundo os manifestantes, outros bloqueios foram montados ao longo da linha férrea em outras cidades, como Tumiritinga e João Neiva (ES). Além de aumentar o valor do auxílio oferecido pela Renova, eles reclamam da falta de garantias de que essa ajuda vá continuar por todo o tempo necessário até que o Rio Doce esteja completamente recuperado e possa novamente seja utilizado para a pesca profissional.
Em agosto, o grupo já havia feito protesto parecido, bloqueando a Estrada de Ferro Vitória a Minas durante boa parte do dia; no protesto desta segunda-feira não foi necessária a paralisação da linha férrea.
Modo de vida comprometido
O pescador Juarez Lopes explica que a situação dos afetados pela contaminação do Rio Doce é cada vez pior. “Estamos simplesmente com um cartão emergencial de um salário mínimo mais uma cesta básica, o que dá R$ 1.300. No apuramento das coisas que temos feito através de advogado, esse valor dever ser o dobro para cobrir pelo menos as despesas, porque a nossa moral caiu; hoje as pessoas estão todas aí desesperadas. A situação nossa é precária, muitos estão depressivos”.
A filha de pescador, Lanla Maria Soares, explica que a tragédia afetou não apenas a renda das famílias, mas comprometeu também todo um modo de vida daqueles que vivam da pesca no rio.
“Antes, por exemplo, o lazer da família de pescador era um feriado na beira do rio, comendo um peixe. Isso foi cortado. O pescador era seu próprio patrão, dependendo da sua necessidade, ele virava noite no rio, aumentava as armadilhas para correr atrás do montante que ele precisava para saldar os seus compromissos. Hoje ele perdeu aquela liberdade. Mas também teve perda de qualidade de vida. Meu pai quando vai tomar um café sempre faz comentários como: 'essa hora eu devia estar olhando minhas redes'. Isso acabou, é triste demais”, desabafa Lanla.
O que diz a Fundação