Morador de Bocaíúva, no Território Norte de Minas Gerais, o estudante Daniel Luiz Damata Terra, de 17 anos, acabou de concluir um estágio no Ministério Público Federal. Há dois anos, ele sequer imaginava que isso seria possível. Tudo mudou quando decidiu fazer o curso de Recursos Humanos oferecido pela Escola Estadual Professor Gastão Valle, onde ele cursa o ensino médio.

“Soube do curso pela diretora da escola. No início, eu só queria passar o tempo. Estudava de manhã, fazia o estágio à tarde e o curso técnico à noite. Era muito cansativo, mas valeu a pena, pois ajudou no meu crescimento pessoal e profissional. Passei a compreender assuntos que, certamente, vão me ajudar quando eu estiver na faculdade”, conta Daniel, que planeja cursar Administração assim que terminar o ensino médio.

A cerca de 700 km de Bocaiúva, em Ubá, no Território Mata, quem também está fazendo novos planos para o futuro desde que concluiu o ensino médio e ingressou no curso de Técnico em Informática na Escola Estadual Deputado Carlos Peixoto Filho é o vendedor de material de construção Claudinei Chagas de Oliveira, de 48 anos.

“Escolhi o curso de técnico em informática pra conhecer mais sobre essa área. No início foi difícil, mas com o apoio da família já estou indo para o terceiro módulo. Agora, incentivo meus amigos a fazer também, pois é uma ótima preparação para o mercado de trabalho e demora menos tempo para concluir do que uma faculdade”, diz.

Daniel e Claudinei são dois exemplos, dentre os milhares de estudantes mineiros, que estão conseguindo mudar de vida graças à Rede Estadual de Educação Profissional (Rede). 

 

“O Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Educação (SEE), tem investido no aumento da oferta de cursos profissionalizantes a fim de ampliar a inclusão socioprodutiva, melhorar a renda da população e gerar novas oportunidades de trabalho e emprego, atendendo às demandas das comunidades e dos arranjos produtivos locais”

Rafael Morais, diretor da Rede Estadual de Educação Profissional

 

Expansão

De 2016 para 2017 o número de vagas para nos cursos técnicos ofertados pelas escolas estaduais do Estado cresceu cerca de 150%, passando de 16 mil para 39.520. São 988 turmas em 213 instituições. Somente no segundo semestre deste ano, 115 novas escolas das 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs) ingressaram na Rede.

O volume de investimentos também cresceu de forma significativa: de R$ 4,5 milhões em 2016 para R$ 26 milhões em 2017, um acréscimo de, aproximadamente, 480%. “Em 2018, a meta é abrir de 45 mil a 50 mil vagas e chegar ao total de 300 escolas”, ressalta Morais.

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Inserção no mercado

Graças a essa ampliação do número de cursos profissionalizantes ofertados pela rede estadual de ensino, muitos estudantes estão conseguindo realizar o sonho de atuar na área de trabalho que sempre desejaram. É o caso de Raí Inácio Quadros de Souza, morador de Almenara, no Território Médio e Baixo Jequitinhonha.

Raí concluiu o curso de Serviços Públicos ofertado pela Escola Estadual Tancredo Neves no primeiro semestre deste ano. “Terminei o ensino médio em 2015 e fiquei parado desde então. Quando soube pela minha avó que uma das escolas da cidade estava oferecendo um curso técnico na minha área de interesse, resolvi fazer”, afirma Raí, que pretende prestar vestibular ainda este ano e ingressar no mercado de trabalho.

Segundo Rafael Morais, atualmente, o desemprego juvenil é muito alto no país em razão da atual situação econômica do Brasil e da falta de qualificação da mão de obra. “Há uma demanda por profissionais qualificados no mercado e os cursos profissionalizantes vieram para suprir isso”, assinala o diretor da Rede.