A situação de um cavalo alvejado por dois tiros, disparados por um sargento da Polícia Militar em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha (MG);  durante uma cavalgada realizada naquela cidade no último domingo (23),está comovendo centenas e centenas de internautas nas redes sociais.

O cavalo foi atingido em uma das patas dianteira, que está dilacerada;  e na região da cernelha e espádua, após uma discussão com o adestrador que o montava,  e o policial.

De acordo com a PM o homem realizava manobras perigosas, empinando o cavalo e colocando a vida dos participantes da cavalgada em risco. O homem nega e acusa o policial de cometer uma crueldade contra um bicho indefeso.

Após a confusão, o cavalo foi levado bastante ferido para Araçuai a 47 km de Coronel Murta, e colocado em um terreno baldio, no bairro São Francisco.

MORTE ANUNCIADA

Nesta segunda-feira (24) um veterinário informou que o bicho deve ser sacrificado, o que provocou profunda tristeza no proprietário e familiares do adestrador, que decidiram denunciar o caso ao Ministério Público; buscar ajuda e impedir que o animal seja morto.

As imagens do sofrimento do animal estão rodando o mundo e emocionando inúmeras pessoas que pedem justiça por Reflexo.

De acordo com o veterinário Pedro Antonio Pereira Lages, o traumatismo foi muito grande e esfacelou todo o tecido da falange do  animal. " Ele não tem 5% de chance. Uma cirurgia para amputar a perna é extremamente cruel e não enxergo em toda a literatura veterinária um resultado positivo. O que vale um animal amputado, cuja função é a montaria e serviço?" avalia o veterinário.

Para ele a melhor saída é dar um tiro no meio do cérebro de Reflexo que em um segundo, estará morto. "Se quiser eu sacrifico. Não podemos olhar pelo lado emocional, mas o lado da realidade, da razão", afirma Pereira Lages.

Ainda segundo ele, as regiões atingidas estão infeccionadas,  comprometendo a saúde do animal.

 

Dócil

Reflexo é um cavalo dócil da raça mangalarga marchador, e está avaliado em cerca de R$ 15 mil. Ele tem 6 anos e é a alegria de Mateus, um garoto especial de 11 anos, que tem sofrimentos mentais. O garoto  é filho do adestrador Marcelo Luiz Dourado, de 36 anos, residente na Comunidade do Gravatá, zona rural de Araçuai, no Vale do Jequitinhonha (MG). “ Toda hora ele pergunta pelo cavalo e estamos evitando dar a notícia para ele”, diz o pai que há três meses estava cuidando do animal, que pertence a um amigo.

" Não temos condições de pagar o preço que o animal vale e esperamos que a Justiça determine a indenização e punição do policial", diz Marcelo Luiz.

Os Maus Tratos contra Animais são hoje disciplinados pela Lei 9.605/98, em seu artigo 32, que assim dispõe:Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilaranimais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

 

 

Entenda o caso.

 

 

 

 

Marcelo iria participar  da cavalgada que ocorre todos os anos em Coronel Murta, no mês de julho, durante o Grande Forró, festa tradicional da cidade. Ele queria exibir  ao público que se concentrava na praça central do evento, as habilidades de Reflexo. É o que faz todos  os cavaleiros e amazonas  que se inscrevem  na cavalgada.

 

 

 

Para evitar incidentes, os organizadores passam cordas em torno da praça para isolar o público dos participantes.

 

 

 

Mas, Marcelo chegou atrasado e nem por isso deixou de aproveitar a ocasião. Desfilou orgulhoso com Reflexo pela praça e fez as marchas características exigidas em eventos similares. Algum tempo depois, ele conta que foi abordado pelos policiais da cidade que exigiram a saída dele do local.

 

“ Obedeci e fui para um posto que fica em um trevo na entrada da cidade. Minutos depois, o sargento chegou em um carro que não era uma viatura e disparou os tiros”, afirmou o adestrador.

 

Após a confusão, Marcelo Dourado retornou para a praça onde ocorria o evento, subiu no palanque e denunciou o fato.

 

O caso provocou revolta nas redes sociais, após a divulgação de um vídeo mostrando o cavalo ferido. A maioria pede punição para o policial.

 

Versão da Polícia