Só 23% das escolas municipais de MG têm estruturas esportivas
Das 853 cidades mineiras, apenas 200 têm ginásio, campo de futebol, piscina ou pista de atletismo
As escolas públicas municipais de Minas Gerais não apresentam condições básicas para a realização de atividades físicas. Dos 853 municípios do Estado, 200 (23,4%) têm instituições de ensino da prefeitura com campo de futebol, ginásio, piscina ou pista de atletismo. O estudo, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra ainda que a média nacional de escolas municipais com essas estruturas é de 27%.
Especialistas consideram a situação preocupante, pois a educação física também é importante para o desenvolvimento de diferentes conteúdos e aptidões. “É a educação do físico. Esse corpo em movimento necessita de um espaço para trabalhar adequadamente”, ponderou a coordenadora do colegiado da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Isabel Coimbra.
A professora salientou ainda que a inexistência desses espaços pode dificultar que as habilidades do aluno sejam reveladas, comprometendo até a possibilidade de desenvolver uma carreira. E esse apoio do educador desde cedo é fundamental. “Na educação física ele (estudante) pode descobrir se tem talento para o atletismo ou para a dança”, exemplificou Isabel.
A dona de casa Izabele Ribeiro, 22, mãe de uma criança de 6 anos, corrobora com a análise da coordenadora. Na Escola Municipal Sônia Braga da Cruz Ribeiro da Silva, localizada em Contagem, na região metropolitana da capital, a filha dela e os demais estudantes precisam usar um pátio para realizar qualquer atividade física. “Por mais que as crianças sejam pequenas, elas precisam ser incentivadas”, disse Izabele.
A prática da educação física auxilia em processos cognitivos, como por exemplo a tomada de decisões, que é trabalhada em muitas atividades da disciplina.
Análise. A pesquisa realizada pelo IBGE investigou 5.570 municípios entre junho e outubro de 2016. Conforme a gerente do levantamento, Vania Pacheco, o número de municípios com secretarias exclusivamente de esportes é baixo no Brasil, sendo tratado em conjunto com o lazer, por exemplo. Para a gerente, isso obriga que o esporte “divida” a atenção com outras políticas. Ela aponta ainda que poucas cidades têm conselhos municipais para discutir com a sociedade questões relacionadas ao esporte.
Para a coordenadora Isabel, há certo “desconhecimento” com relação ao assunto, além “de falta de interesse das pessoas que estão no poder público e que poderiam mudar essa realidade”.