A Clínica Terapêutica Liberte-se, em Patos de Minas, na região Central do Estado, que deveria ser um lugar de reabilitação de dependentes químicos,  acabou se tornando um ambiente aterrorizante para pacientes internados.

No ultimo domingo (2), dois funcionários da clínica acabaram presos por tortura após um paciente vítima do trio procurar por ajuda na vinhança. Ao receber a solicitação de socorro, a testemunha contou aos policiais, que decidiu ligar para os familiares da vítima e acionar a Polícia Militar.

Com a denuncia, os policiais se dirigiram para a clínica, onde, como consta no boletim de ocorrência, encontraram as portas abertas e os pacientes sozinhos. 

Entre os três únicos internos estão dois irmãos, de 45 e 55 anos, que foram diagnosticados com esquizofrenia e uma cadeirante, de 54, ex-usuária de drogas. Um dos pacientes estava bastante agitado e apresentava fala desconexa.

Já o outro paciente, revelou que todos os internos eram constantemente ameaçados de forma física e psicológica a tomar os remédios.

Segundo consta no boletim de ocorrência, as vítimas apresentavam ferimentos no pescoço, o que pode ter sido causado por estrangulamento, e hematomas pelo corpo.

Local

Em uma vistoria rápida, como consta no boletim de ocorrência, os militares constataram que os pacientes viviam em condições precárias. Banheiros com privadas entupidas, com fezes, e cozinha suja, são algumas das constatações feitas pelos policiais.

Ainda na cozinha, em cima do fogão, havia uma panela com apenas arroz e salsicha crua, que seria servida os paciente. 

Sem medicação

Com a família do paciente que estava mais exaltado, os policias descobriram que ele precisava tomar insulina todos os dias, porém, o local não possuía medicamentos. 

Após a descoberta dos maus-tratos, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionado, prestou os primeiros socorros e encaminhou a vítima para uma Unidade de Pronto-atendimento (UPA) da cidade. 

Em seguida, o paciente foi deixado aos cuidados da família que mora em outra cidade. 

Funcionários

Ainda durante o rastreamento da PM pela propriedade, onde a clínica está localizada, os dois suspeitos se apresentaram.

Aos militares, os acusados alegaram não serem capacitado para exercer o serviço e nem terem tido treinamento para o mesmo, contudo realizavam a função em troca de moradia. 

Sites da região dão consta que a família de cada paciente desembolsa mensalmente o valor de R$1.200 para mantê-lo na clínica, contudo, os funcionários presos disseram trabalhar de graça para o dono da casa e não contaram quanto era cobrado por cada interno. 

Já em relação as acusações de agressão, os suspeitos alegaram ter estrangulado o paciente para que eles tomassem o remédio e afirmam que as lesões são consequência da reação das vítimas.

Os dois foram presos pelo crime de tortura e encaminhados para a Delegacia de Plantão de Patos de Minas, que deve investigar o caso.

Caso sejam indiciados, julgados e condenados, cada um dos suspeitos poderá pegar de 2 a 8 anos de prisão. 


(Foto: Reprodução O Tempo)

Clínica

A reportagem tentou contato durante a tarde pelo telefone fixo da clínica, mas ninguém atendeu as ligações. Como os nomes dos suspeitos não foram divulgados pela polícia, a reportagem não conseguiu localizar seus advogados. 

(Fonte: CAMILA KIFER O Tempo)