Durante vários anos, a medicina tem buscado novas formas de tratamento que levem à efetiva cura da leucemia e a uma melhor qualidade de vida dos pacientes. A preocupação é grande principalmente por se tratar de uma doença agressiva e que atinge cada vez mais pessoas. Só no ano passado, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou 10.070 novos casos da enfermidade no Brasil, sendo 5.540 em homens e 4.530 em mulheres.

A leucemia é um tipo de câncer caracterizado pela produção descontrolada de células anormais na medula óssea, o que compromete a produção das células sanguíneas normais. Até hoje, sua causa é desconhecida. “Alguns fatores de risco têm sido associados à doença, como radiação ionizante, exposição a produtos químicos (benzeno e seus derivados), quimioterápicos, vírus oncogênicos e doenças genéticas, como a síndrome de Down, por exemplo”, afirma a médica especialista em hematologia e hemoterapia Fernanda Maia Lodi, da Oncomed-BH.

A especialista explica que existem vários tipos e subtipos da doença. As leucemias podem ser agudas (mieloide aguda, mais comum em adultos, e linfoide aguda, mais frequente em crianças) ou crônicas (linfoide crônica e mieloide crônica, que acometem os adultos na maioria das vezes). “As leucemias agudas se apresentam de forma agressiva, necessitando de um tratamento imediato. Atualmente, as taxas de cura da leucemia linfoide em crianças são de 70% a 80%. Já no tipo mieloide os resultados são menos satisfatórios”, explica.

Sintomas. Os sinais mais comuns da doença são fraqueza, cansaço, febre, infecções graves e sangramentos. “Pode ocorrer também o aumento dos gânglios, do fígado e do baço. Muitas vezes o paciente aparenta estar muito doente num período curto de tempo, o que chama a atenção dos médicos”, destaca Fernanda.

Após o diagnóstico – que deve ser feito por hemograma, análise da medula óssea, exames genéticos e de biologia molecular –, o tratamento é discutido com os pacientes. Este levará em conta a faixa etária e a presença ou não de doenças prévias etc. “O tratamento da leucemia tem o objetivo de destruir as células leucêmicas para que a medula óssea volte, então, a produzir células normais”, afirma.

A hematologista explica, ainda, que o progresso para obter a cura dos pacientes é resultado da poliquimioterapia moderna, do controle das complicações infecciosas e da prevenção do reaparecimento da doença. “O tratamento da leucemia aguda inclui várias fases com o objetivo de atingir a cura e evitar que ela volte”, diz.

Efeitos colaterais. Todo esse processo gera efeitos colaterais, entre eles a queda de cabelo. O paciente também pode apresentar náuseas, vômitos, diarreia, anemia, diminuição da imunidade, febre, ansiedade, medo e infertilidade.

Mas alguns medicamentos podem ajudar a reduzir tais efeitos. “Os pacientes devem ser orientados a usar remédio para vômitos, evitar contato com pessoas doentes, manter boa higiene oral e corporal, alimentação balanceada e suporte psicológico. Essas medidas são fundamentais para proporcionar conforto e diminuir a ansiedade dos pacientes”, frisa a médica.

Transplante. A especialista destaca também que a descoberta de novas drogas vem melhorando a perspectiva de cura dos pacientes ao longo dos últimos anos. Em leucemias de alto risco, o transplante de medula óssea pode ser oferecido como parte do tratamento inicial ou como controle de recaída da doença (saiba no box abaixo como ser um doador).

“Já nos pacientes com leucemia mieloide crônica, a melhor terapia era o transplante. Hoje, o tratamento está muito avançado com o uso dos inibidores da tirosina-quinase, uma grande revolução da ciência, que tornou-se o tratamento padrão para este tipo de leucemia, proporcionando uma vida normal com poucos efeitos colaterais”, finaliza.

MEDULA ÓSSEA Doação que pode salvar vidas

Nos últimos anos, a chance de encontrar um doador de medula óssea compatível aumentou, e já é possível afirmar que a maioria dos candidatos ao transplante de medula irá encontrar um doador, seja ele um desconhecido ou alguém da família. Os transplantes haploidênticos, cujos doadores são parentes de primeiro grau, já estão sendo feitos em vários centros estrangeiros e brasileiros.

Porém, para elevar ainda mais a taxa de doações, quanto mais pessoas se cadastrarem como doadores, melhor. Para isso, é preciso ter boa saúde e idade entre 18 e 55 anos. Deve-se preencher um formulário e ceder uma amostra de sangue, que vai determinar as características genéticas necessárias para a compatibilidade.

Os resultados dos testes ficarão armazenados em um sistema e serão cruzados com os dados dos pacientes candidatos ao transplante. Quando for verificada a compatibilidade, o doador será chamado para exames complementares.

O procedimento da doação é realizado em um centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral. Depois da primeira semana já é possível retornar às atividades habituais.

Em Belo Horizonte, os interessados em se inscrever no cadastro de doadores devem procurar o Hemocentro, da Fundação Hemominas, localizado na alameda Ezequiel Dias, 321, bairro Santa Efigênia, na região Centro-Sul. O horário de atendimento é das 7h às 17h, de segunda a sexta-feira. Para saber mais informações, ligue para (31) 3768-4500.

NÚMEROS

10.070 novos casos de leucemia foram estimados pelo Inca para o ano de 2016 no Brasil

5.540 Estimativa do Inca de novos casos registrados na população masculina para o ano de 2016

4.530 Estimativa do Inca de novos casos registrados na população feminina para o ano de 2016

(Fonte: RENATA ABRITTA O Tempo)