Agricultor mineiro descobre que está ‘morto’ desde 2015
Aos 65 anos, o agricultor José Júlio do Couto, morador de Camanducaia, no Sul de Minas, deverá “ressuscitar” nos próximos dias.
O homem descobriu no início deste ano que era considerado morto desde fevereiro de 2015, quando um primo que tinha exatamente o mesmo nome dele faleceu, e, desde então, luta na Justiça para conseguir provar que continua vivo. De acordo com o cartório responsável pelo erro, a alteração deverá acontecer até o fim desta semana.
Bem humorado, o “morto-vivo” conta que procurou o cartório no início de janeiro para transferir um terreno doado por seu pai. “Pediram que eu atualizasse a certidão de nascimento e, quando cheguei no cartório de registros me contaram que eu já tinha morrido. Falei do meu primo e eles viram que foi feita a certidão da morte dele também, mataram logo nós dois. Depois disso, para provar que eu estava vivo, precisei responder uma série de perguntas, como nome dos meus pais, avós, nome da esposa do meu primo e datas de aniversário”, contou o agricultor.
Desde então o cartório já teria dito que encaminharia um documento para o Fórum da cidade, porém, praticamente dois meses se passaram e ele continua “morto”, o que estaria o prejudicando de várias maneiras. “Me matar foi fácil, difícil está sendo ressuscitar. Eu não existo mais, se contar a população brasileira hoje, eu não faço parte da estatística. O problema é que essa transferência do terreno está parada por isso, meu processo de aposentadoria também. Até para sacar dinheiro no banco eu não consigo. Voltei para a infância, tendo que pedir dinheiro para o meu pai novamente”, contou Couto.
A advogada responsável pelo processo, Patrícia Guedes, explica que ajuizou na última sexta-feira (17) o pedido de retificação do registro civil, sendo que somente nesta terça-feira (21) o processo foi repassado ao juiz.
“Ainda não temos uma resposta sobre isso, que é o mais urgente, já que a vida dele está sendo prejudicada. Mas assim que ele for considerado vivo novamente, vamos entrar com um pedido de indenização por danos morais e materiais contra o cartório. O erro foi deles, que registraram no mesmo dia e hora o óbito de duas pessoas diferentes, sem verificar os nomes do pai e mãe”, concluiu.
Brincadeiras
Desde que descobriu que estava “morto”, Couto passou a conviver com as piadas de todos os conhecidos. “Quando passo no ponto de táxi, gritam que morto não pode dirigir, fazem sinal da cruz. Hoje mesmo perguntaram se eu já estava vivo e, quando disse que não, falaram que não conversavam com fantasma”, conta aos risos.
“Eu não ligo para essa piadas não, faz parte. Mas a verdade é que eu estou numa vontade de viver”, finaliza o agricultor.