Em alusão aos 200 anos das viagens de Saint-Hilaire pelo Brasil, que ocorreram entre 1816 e 1922, a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro está apresentando, até o final de fevereiro corrente, a mostra “Saint-Hilaire e as paisagens brasileiras”.

A proposta é não deixar cair no esquecimento o trabalho deste naturalista, cujo legado são os saborosos e ricos relatos sobre a paisagem e costumes do Brasil do início dos oitocentos. A mostra traz à tona a obra do cientista francês, intitulada "Viagens às Províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais", originalmente publicada em Paris, em 1830. Faz parte dos relatos sobre o Brasil do botânico francês, que nasceu em 1779 e faleceu em 1853.

As edições posteriores desta obra ganharam ilustrações de Debret e de outros desenhistas, que o seguiram nas expedições pelo interior do Brasil. Nelas constam os relatos de Saint-Hilaire, que foram colhidos em sua primeira viagem pelo Brasil, que teve início em 1816.

A expedição partiu do Rio de Janeiro, passando por Barbacena, Queluz, Vila Rica (Ouro Preto), Vila do Príncipe (atual Serro), adentrando pela zona do Rio Jequitinhonha, até alcançar o Distrito Diamantífero - o antigo Arraial do Tijuco.

Em obra posterior, publicada em 1840, Saint-Hilaire afirma: talvez não tenha sido inútil aos meus semelhantes, quando submeti aos princípios rigorosos da ciência o exame das plantas que os brasileiros empregam para o alívio de seus males".

Nesse sentido, os estudos de Saint-Hilaire inserem-se no contexto de uma Europa iluminista, então, ávida por conhecer e formar uma visão, em bases sistematizadas, acerca do Novo Mundo. Os estudos do botânico francês tiveram como base de análise o território, do qual emergiram processos culturais, econômicos, sociais e ambientais essenciais para a compreensão das origens da Província de Minas Gerais.

Vale o registro de que, em sua expedição pela Província de Minas, Saint-Hilaire passou pelas terras onde hoje fica Almenara, à época inteiramente encobertas pelas chamadas Matas do Jequitinhonha.

Em síntese, Saint-Hilaire foi quem lançou o primeiro olhar com lentes de um cientista sobre as matas, rios, fauna e flora do Brasil, incluindo o Vale do Jequitinhonha.

 

*Economista graduado pela Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo e pós graduado em Didática de Ensino Superior (UNEB-DF). Analista Financeiro do SERPRO - Serviço Federal de Processamento de Dados. Ex Coordenador Geral da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda e Assessor do Ministro da Agricultura