À polícia, Yasmim confessou que levava a droga – avaliada pelas autoridades locais em cerca de R$ 2 milhões – porque precisava de dinheiro.

Apesar de estar sujeita a penas de até 40 anos de prisão, a jovem brasileira ainda corre o risco de morrer. Isso porque o presidente do país, Rodrigo Duterte, apertou o cerco contra traficantes e luta para reestabelecer a pena de morte.

“A situação dela é difícil, provavelmente ela será usada como um dos exemplos de estrangeiros que chegam ao país e há uma necessidade aos olhos do governo filipino em demonstrar ou desestimular que estrangeiros pratiquem esse tipo de ato no território deles”, explica o advogado de Direito Internacional, Manuel Furriela.

Água suja e saúde debilitada

Yasmin morava com a avó materna em uma casa humilde na zona norte de São Paulo e há um ano foi morar em Goiânia, onde, de acordo com a família, se envolveu com criminosos.

“É uma menina decidida, esforçada, ‘trabalhadeira’, mas se envolveu com pessoas com quem não deveria se envolver”, conta a avó.

A família da jovem relata ainda que a jovem está sofrendo na cadeia. “Lá eles não dão nada; a água é suja, tem que comprar água para ela beber; ela está com a saúde debilitada porque tem bronquite”, acrescenta.

O caso da jovem, que não tinha antecedente criminal no Brasil, era mantido em sigilo pela diplomacia brasileira. Ela havia partido do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo com escala em Dubai.

No mesmo mês, outros três jovens de outras nacionalidades que fizeram a mesma viagem acabaram presos. A suspeita é de que tenham sido cooptados pela mesma quadrilha.

Brasileiros executados

O caso se assemelha aos dos brasileiros Marco Archer e Rodrigo Gularte, executados em 2015 na Indonésia, após serem presos por tráfico de drogas. A diplomacia brasileira não conseguiu evitar a sentença capital.

O Itamaraty diz que Yasmin Fernandes está recebendo assistência consular e conta com o apoio de advogado. Segundo o especialista em Direito Internacional, apesar do acompanhamento, é pouco provável que a Yasmin seja enviada de volta ao Brasil.

“Não podemos esperar que ela venha a ser inocentada ou que cumpra penas menos severas do que aquelas que tem sido praticadas em relação aos traficantes filipinos em geral”, pontua Manuel Furriela.