Ações de fomento à tecnologia, inovação e empreendedorismo têm cada vez mais espaço nas políticas públicas em Minas Gerais. Nos últimos dois anos, o apoio e o incentivo à indústria criativa ganharam novos ares no Estado, que agora prioriza a inovação, sem, para isso, abandonar a Ciência, a Tecnologia e o Ensino Superior.

Prova disso foi a realização, durante todo o ano, de eventos expressivos, como o Fórum de Mídias Sociais (Foms), a Campus Party e a Feira Internacional de Negócios, Inovação e Tecnologia (Finit), entre outros.

Realizada de 9 a 13 de novembro, no Expominas, a Finit teve mais de 50 mil participantes e contou com palestras, workshops, encontros de empreendedores, estandes de instituições mineiras de ensino e participação de instituições de fomento à inovação e à tecnologia.

Durante o evento, também foi realizada a primeira edição mineira da Campus Party, um dos principais eventos do mundo nas áreas de inovação, ciência e entretenimento digital. Em Minas Gerais, foram 4 mil campuseiros, utilizando uma internet de 20 GBps de velocidade para aproveitar mais de 600 horas de conteúdo.

Dentro da programação da feira aconteceu também o 100 Open Startups, que reuniu mais de 200 empreendedores de todo o país, investidores-anjo e grandes empresas. Foram registrados quase 2 mil encontros de negócios e 390 matches (interesses de grandes empresas e investidores nas soluções apresentadas) em 109 startups participantes.

 

Celeiro das startups

Já as startups (conceito de pequenas empresas de tecnologia e inovação em fase embrionária) recebem apoio e investimento no maior programa de aceleração de startups de Minas Gerais, o Startups and Entrepreneurship Ecosystem Development (Seed), conduzido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes).

Com nova sede, inaugurada em 2016, montada no Espaço CentoeQuatro, no centro da capital mineira, o programa oferece às startups selecionadas formação empreendedora, mentorias, capital semente (de até R$ 80 mil) e o contato entre equipes numa verdadeira conexão com o ecossistema local. 

Tudo isso  é parte de uma ação macro – o programa Minas Digital – que engloba o Seed e outras iniciativas com o propósito de gerar o desenvolvimento econômico e social a partir da inovação, economia digital e economia criativa.

Exemplo do sucesso do programa é que quatro startups mineiras, todas aceleradas pelo Seed, foram primeiras colocadas no Startup Games, competição que reuniu 50 empresas nacionais e internacionais na British House, residência oficial do Reino Unido no Brasil durante as Olimpíadas Rio 2016.

“Todos estes avanços são reflexo da aposta estratégica que foi feita nesta gestão nas áreas de inovação e tecnologia. Estes segmentos e essas empresas têm alto potencial de crescimento e são extremamente relevantes para a geração de empregos e renda no estado”, destaca o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes), Miguel Corrêa.

Minas Gerais é hoje o segundo maior ecossistema de startups do Brasil, atrás apenas de São Paulo. Abriga o San Pedro Valley, comunidade de empreendedorismo que é referência para negócios de base tecnológica no país, os polos de Santa Rita do Sapucaí, BH-Tec e Viçosa; conta com mais de 20 incubadoras distribuídas em 16 cidades; e é o maior estado em número de universidades públicas do Brasil (11 federais e duas estaduais).

“Sem dúvidas, se alguém hoje tem uma startup ou uma grande ideia e quer empreender, um dos melhores locais do mundo para desenvolvê-la é Minas Gerais”, afirma Côrrea.

Complexos tecnológicos

Outro passo importante para estimular a criação e instalação destas empresas em Minas Gerais é a abertura de parques tecnológicos, complexos que agregam, em um mesmo espaço, empresas de base tecnológica, universidades e outros centros de pesquisa e desenvolvimento.

O objetivo é incentivar a inovação tecnológica por meio do fornecimento de infraestrutura e serviços compartilhados e da promoção de interações entre as instituições nele instaladas.

Minas Gerais possui três parques em operação (Belo Horizonte, Viçosa e Itajubá) e três em implantação (Lavras, Juiz de Fora e Uberaba).

Reestruturação das Uaitecs

Também parte do Minas Digital, a Rede Uaitec – Universidade Aberta e Integrada de Minas Gerais – foi reformulada pela Sedectes e hoje oferece vagas ilimitadas para mais de 70 cursos de capacitação e qualificação profissional em Educação a Distância (Ead), 24 mil vagas nos seis cursos profissionalizantes em Tecnologia da Informação (TI) e outras 10 mil vagas em cursos de idiomas.

“Passamos a oferecer, dentro das Uaitecs, cursos de Tecnologia da Informação. Estamos em consonância com a economia mundial, que investe cada vez mais neste modelo de desenvolvimento econômico”, explica Côrrea.

As unidades dos 17 Territórios de Desenvolvimento de Minas Gerais oferecem, hoje, cursos de programador web e de sistemas, desenvolvedor de jogos eletrônicos e de dispositivos móveis, desenhista de produtos gráficos e analista de mídias sociais.

A iniciativa objetiva ampliar, democratizar e interiorizar o acesso a conteúdos pedagógicos, além de contribuir para a qualificação da mão de obra no estado. Entre 2015 e 2016, segundo a Superintendência de Inovação da Sedectes, mais de 220 mil pessoas foram matriculadas.

Outra mudança implementada pela secretaria foi a instalação da Uaitec dentro do sistema prisional mineiro, com a primeira unidade aberta em maio no Presídio José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, no Território Metropolitano.

 

Internacionalização das universidades

Em abril, decreto do governador Fernando Pimentel instituiu o Núcleo Mineiro de Internacionalização do Ensino Superior (Numies). Sob a coordenação da Sedectes, o Numies terá como finalidade formular políticas públicas e parcerias para a internacionalização das Instituições Públicas de Ensino, Ciência, Tecnologia e Inovação (Ipecti) sediadas no estado.

Por meio do Numies, Minas Gerais poderá articular a negociação de acordos de cooperação técnica e financeira, estabelecer parcerias internacionais, aprimorar o ensino técnico, profissionalizante, tecnológico e superior, bem como estabelecer o intercâmbio de informações com organismos internacionais, governos estrangeiros e centros de pesquisa, ciência, tecnologia, inovação e empreendedorismo no exterior.

O Numies foi inspirado nas redes de universidades existentes em outros países que impulsionam o compartilhamento de conhecimento e a internacionalização. Em Minas Gerais, atualmente, poucas instituições de ensino superior estão em um processo avançado de internacionalização.

Juventude inovadora

Para os próximos anos, a aposta da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sedectes) é investir em projetos de capacitação de jovens para estimular a cultura do empreendedorismo e tecnologia desde a sua formação.

“Estamos trabalhando para lançar três editais de programas de incentivo. O Startup Júnior, voltado para alunos do ensino médio da rede pública do estado, que vai oferecer mentorias, espaço de coworking e bolsas para que os alunos do terceiro ano possam começar a desenvolver suas ideias e tenham contato com o empreendedorismo desde cedo; o Startup Universitário, para alunos das faculdades públicas e privadas, que promove a mesma capacitação, visando incentivar os universitários a abrirem suas startups e já começarem a empreender no mercado mineiro; e o Seed 2.0, uma edição mais avançada do programa que temos hoje, e que já é um sucesso, ainda mais voltado para a conexão com o mercado e para a internacionalização”