O auxiliar de serviços Dinai Alves Gomes negou em depoimento a morte de sua ex-namorada, a cunhada e uma amiga delas em Portugal, em fevereiro deste ano. Preso na manhã desta segunda-feira (05/09/2016), ele foi ouvido na Polícia Federal e não confessou as mortes e não soube explicar o motivo dos corpos das vítimas terem sido encontrados em uma fossa nos fundos de onde ele trabalhava até o começo do ano, naquele país.

Uma fonte da PF informou que agora vai cruzar dados de telefones celulares apreendidos, para comprovar sua participação.

Desde o dia 26 de agosto últimos, quando a polícia portuguesa encontrou os corpos das irmãs Michele Santana Ferreira, de 28 anos, e Lidiane Neves Santana, de 16, de Campanário, no Vale do Mucuri, e da amiga delas Thayane Milla Mendes Dias, de 21, o auxiliar de serviços passou a ser o potencial suspeito do triplo assassinato. Além de os corpos terem sido encontrados onde ele trabalhava, em fevereiro Dinai retornou ao Brasil e justificou o sumiço das jovens afirmando que elas tinham viajado para Londres, na Inglaterra.

As jovens estavam desaparecidas há cerca de 200 dias, desde o último contato com a família por meio da internet. Assim que a Polícia Federal do Brasil recebeu comunicado oficial da Polícia Portuguesa sobre o encontro dos corpos, foram cumpridos um mandado de prisão temporária, um de busca e apreensão na casa do acusado e um terceiro de condução coercitiva, todos expedidos pela Justiça Federal de Belo Horizonte.

Suspeito trabalhava em obra na capital

Dinai Alves foi detido enquanto trabalhava em uma obra da construção civil na capital. Segundo o delegado Roberto Camara, responsável pelas investigações, Dinai não apresentou resistência ao ser preso e justificou a volta ao Brasil, após o desaparecimento das vítimas, alegando estar cansado de morar em Portugal – ele estava há dez anos no país. O suspeito já havia sido ouvido outras duas vezes pela PF e, em ambas as ocasiões, não admitiu a autoria dos homicídios.

Além dele, outra pessoa, que tem ligação com Dinai, foi ouvida e, posteriormente, liberada. “Foram colhidos dois depoimentos em relação a esse caso, e a gente espera esclarecer alguns pontos”, afirmou o delegado, sem detalhar que tipo de relação a pessoa ouvida mantém com o suspeito e o teor dos depoimentos, visto que o caso corre em segredo de Justiça.

Além dos depoimentos, materiais apreendidos durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa do suspeito, na capital, também podem contribuir com o inquérito. “Foram apreendidos alguns itens que podem ajudar a elucidar o caso, celulares e alguns objetos que vamos analisar com o maior cuidado”, declarou Camara.

Cronologia

As diligências da PF começaram em março, depois que familiares das vítimas procuraram a corporação em Governador Valadares para noticiar os desaparecimentos. Em maio, o inquérito foi instaurado e, no último dia 26, a corporação recebeu da Polícia Portuguesa a informação de que os corpos das mineiras Michele Santana Ferreira, 28, que estaria grávida de três meses e namorava o suspeito, Lidiana Neves Santana, 16, e Thayane Milla Mendes Dias, 21, haviam sido encontrados em uma fossa séptica no local de trabalho de Dinai, um hotel para cães e gatos chamado Quinta do Monte dos Vendavais, em Portugal. Depois disso, o mandado de prisão temporária, com prazo inicial de 30 dias, foi emitido.

De acordo com Camara, a corporação acredita que os crimes tenham acontecido entre os dias 1º e 2 de fevereiro, após os familiares terem perdido contato com as vítimas – as irmãs Michele e Lidiana ligavam para a mãe, de Campanário, na região do Rio Doce, todos os dias e também se comunicavam pelo Facebook, antes de as contas das duas serem desativadas nas redes sociais e todo o contato ser totalmente interrompido.

A hipótese levantada pela Polícia Judiciária Portuguesa, de que os homicídios poderiam estar ligados ao fato de que o suspeito estava incomodado com o relacionamento homoafetivo entre Lidiana e Thayane, não foi confirmada pela PF. “Eu ouvi os familiares da vítima, e ninguém apontou essa hipótese para mim. Preliminarmente, não verifico nenhuma ligação com esse motivo”, afirmou.

Já a tese de que ele teria matado as jovens para esconder a gravidez de Michele da mulher também não foi ratificada. “Ainda não tem a confirmação da suposta gravidez, estamos aguardando a autópsia, que ainda não foi concluída em Portugal”, disse o delegado, que acrescentou que é prematuro definir a motivação dos crimes. Segundo ele, não há previsão para a divulgação dos resultados do exame que devem mostrar, também, a causa da morte das vítimas, que permanece desconhecida.

Até o momento, todos os indícios apontam para Dinai, principalmente o fato de os corpos terem sido localizados no local de trabalho e moradia do suspeito. Ele foi encaminhado para a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana, e se, condenado, pode pegar até 99 anos de prisão.

Caso seja comprovado que Michele estava grávida, além de triplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver, ele pode responder pelo crime de aborto, cuja pena é três a dez anos de reclusão.

(Fonte: Estado de Minas e O Tempo)