Estudante é acusado de furto e agredido por dono de supermercado em São Francisco, no Norte de Minas
Um caso de agressão tem repercutido na cidade de São Francisco, Norte de Minas, desde que um rapaz de 18 anos foi espancado, na segunda-feira.
Um caso de agressão tem repercutido na cidade de São Francisco, Norte de Minas, desde que um rapaz de 18 anos foi espancado, na segunda-feira (08/08), após sair de um supermercado. O dono do estabelecimento, localizado na Rua São Romão, teria agredido Cristian Breno da Silva, além de acusá-lo de furto e direcionando a ele ofensas racistas. A família de Cristian quer que o comerciante responda por injúria racial. Segundo a Polícia Militar (PM), o empresário chegou a ser preso por lesão corporal na noite de segunda-feira, mas foi liberado.
Segundo o boletim de ocorrência, tudo começou quando o jovem entrou no estabelecimento para comprar um chinelo, mas, já na fila para pagar, desistiu da compra e saiu, depois de devolver o objeto. O dono do supermercado o seguiu até a praça, onde jogava vôlei com os amigos, agrediu-o com murros e arranhões e o arrastou até a porta do mercado. Cristian ficou com várias marcas pelo corpo e chegou a ter a roupa rasgada. Segundo o tenente, Emerson Santos, responsável pelo caso, uma testemunha teria dito ao comerciante que o rapaz teria saído sem pagar.
“Um terceiro falou para o dono, conforme explicado no depoimento dele, que o rapaz teria roubado o chinelo. Ele foi até a praça agredir o rapaz. A família do jovem acionou a viatura e todos foram conduzidos para registro de ocorrência. O dono do comércio continuava alegando que o rapaz teria roubado, então solicitamos ver as imagens e ficou comprovado que em nenhum trecho do vídeo aparece o rapaz saindo com a sandália. Foi feita a prisão do proprietário pela agressão e ele foi liberado conforme a lei 9099”, explica o tenente.
O policial explicou que o autor das agressões assinou um ato, na delegacia, se comprometendo a prestar esclarecimentos a um delegado. O caso será encaminhado para o juizado especial criminal, onde vai ser analisado pelo juiz responsável e, se a responsabilidade criminal for comprovada, as sanções previstas serão aplicadas.
Cristian Breno, vítima da agressão, é acadêmico de educação física. Ele acredita que a violência que sofreu pode servir para alertar outras pessoas. “O que passei pode acontecer com todo mundo. Quando ele começou a me agredir, pensei no que minha família me ensinou, por isso não revidei. Eu não roubei nada, fiquei com a consciência tranquila. Meus amigos me deram força, chamaram a polícia, porque todo mundo viu a humilhação que passei. Quando os policiais viram nas câmeras que eu não tinha roubado, nem assim o dono do mercado me pediu desculpas. Só espero que isso não fique assim”, diz o estudante.
O que diz a lei?
O defensor público de Montes Claros, Cláudio Fabiano Pimenta, acredita que casos de racismo e injúria racial costumam ser mais complicados em cidades menores, dada a influência que alguns costumam ter. “Nas cidades pequenas, muitas vezes essas pessoas são influentes e procuram abafar a conduta que tiveram. Quem passa por essas situações deve procurar fazer o registro do boletim de ocorrência de maneira adequada, explicando detalhes do ocorrido, procurar juntar testemunhas e procurar o Ministério Público, para formalizar a denúncia”, argumenta o defensor.
A defensoria pública explica que crimes de racismo são inafiançáveis, conforme o Código Penal Brasileiro. Racismo é a discriminação de toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, que é se valer da raça de alguém para ofender a honra deste indivíduo e é crime passível de fiança.
(Fonte: G1 Grande Minas)