Delegado Bernardo Pena Salles chegou a cobrar R$ 400 mil de propina, diz promotor
Além de dinheiro, os suspeitos de atuar com o delegado, também aceitavam carros importados para liberar criminosos. O MP informou que outras pessoas ligadas a Pena Salles estão sendo investigadas. Polícia Federal também atua nas investigações.
O delegado Bernardo Penna Sales, que atuava em Araçuai no Vale do Jequitinhonha e foi transferido para Uberlândia e depois para Governador Valadares, se entregou à Corregedoria de Polícia Civil, em Belo Horizonte, no fim da manhã de segunda-feira, 27 de junho.
Ele tinha um mandado de prisão preventiva em aberto, por suspeita de integrar uma organização criminosa que cobrava propina de ladrões de cargas e de veículos, que agiam no Triângulo Mineiro e em outros Estados do país.
Pena Salles está preso na Casa do Policial Civil, no bairro Horto, em BH. Se confirmadas as denúncias, ele poderá ser expulso da Polícia Civil.
Três investigadores da Polícia Civil e duas pessoas, que funcionariam como laranjas da organização, já haviam sido presos durante a operação Serendipe, desencadeada na quinta-feira (23). De acordo com o promotor do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) Fabrício Fonseca, o grupo atua há cerca de cinco anos.
Além de dinheiro, os suspeitos também aceitavam carros importados para liberar os criminosos. Uma das propinas recebidas chegou ao valor de R$ 400 mil, conforme Fonseca. “Eles efetuavam a prisão e, em vez de seguir o procedimento, cobravam propina para colocar os criminosos em liberdade”, explicou o promotor.
Segundo Fonseca, as investigações começaram há cerca de seis meses. A pista que levou a Polícia Civil e o Ministério Público ao grupo, veio de duas operações da Polícia Federal, que investigava quadrilhas responsáveis pelo roubo de cargas.
Durante as operações, conforme o promotor, houve uma colaboração premiada em que os detidos revelaram informações que ajudaram a desencadear a operação Serendipe. O nome, inclusive, tem relação com o conceito de “serendipismo”, que é “descobrir algo ao acaso”.
O promotor informou ainda que há outras pessoas sendo investigadas por possível envolvimento no esquema, entre elas estão outros policiais civis.
A primeira fase da operação serviu para apurar os crimes de extorsão, corrupção passiva, corrupção ativa, concussão, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Após ir ao Instituto Médico-Legal (IML), Sales foi encaminhado à Casa do Policial Civil, no bairro Horto, na região Leste de Belo Horizonte, onde permanecerá preso.
Demitidos da PC
Balanço. De 2011 até este ano, 156 servidores da Polícia Civil foram demitidos em Minas Gerais, conforme a Corregedoria de Polícia Civil. Os motivos não foram explicados.