Empresa de consultoria seria ‘fonte de renda’ de Omir Quintino
A colaboração de Jefferson menciona também que uma área que seria doada pelo município em pagamento à Geoconsult era plano do ex-diretor geral do Saae para adquiri-la depois e incorporá-la ao seu patrimônio
Dentro da colaboração do ex-diretor de gestão de Recursos Humanos do Saae Jefferson Santos Lima à Justiça, uma outra parte ganha contornos relevantes, no momento em que o colaborador menciona uma empresa de consultoria como uma das “maiores fontes de renda de Omir Quintino”. Além disso são citado dois fatos no mínimo curiosos envolvendo a dação em pagamento pelo município à Geoconsult, e a preparação para um novo contrato que estaria em curso para beneficiar esta empresa e o ex-diretor geral do Saae. Por isso, o anexo VIII será abordado nesta edição, a exemplo do que o DRD tem feito em separado com as partes da colaboração que se tornaram públicas.
Jefferson Santos Lima disse em seu depoimento ao Ministério Público que a Geoconsult era uma empresa de consultoria que prestava serviços para o município, a qual teria sido beneficiada em um processo licitatório e era um dos meios que Omir Quintino teria como fonte de renda. Essa empresa, conforme explicado pelo colaborador, era registrada em nome de terceiros, mas quem a comandava era um servidor público que teria se aposentado há cerca de um ano e meio. “O colaborador, voluntariamente, declarou que Fernando Pinto era servidor efetivo da prefeitura e exercia a função de captador de recursos de maneira informal, em razão de seu salário ser maior do que o pago ao cargo de captador de recursos oficiais; que Fernando Pinto se aposentou há cerca de um ano e meio, continuando a exercer a função de buscar recursos para o município por meio da empresa Geoconsult. Disse ainda que tal empresa foi beneficiada na licitação que precedeu a contratação e que a empresa está em nome de terceiros mas é Fernando Pinto quem a administra. A Geoconsult era uma das maiores fontes de renda de Omir, mesmo quando era contratada do município. Quem repassava os recursos para pagamento da empresa era o Saae, uma vez que Omir tinha interesse direto nesses pagamentos”, diz um trecho da colaboração.
Ainda em um determinado trecho do anexo VIII, Jefferson Santos Lima revela que a dação de uma área do município em pagamento de uma dívida com essa empresa, recentemente aprovada na Câmara Municipal, era parte de um plano de Omir para, posteriormente, adquirir essa área e incorporá-la ao seu patrimônio. Em seguida, o colaborador conta que um novo contrato estava em curso para beneficiar a empresa. “Recentemente teve uma tentativa de dação em pagamento do município para satisfazer dívidas pendentes com a Geoconsult. O plano de Omir era dar os lotes do município como pagamento para, posteriormente, ‘adquiri-los’ da empresa, ou seja, o projeto de Omir era incorporar ao seu patrimônio os imóveis públicos doados para a empresa de Fernando Pinto, que também se beneficiaria da trama. A prova da íntima relação de Omir com a Geoconsult é que estava em curso uma preparação para um novo contrato com a Geoconsult para fiscalização de obras no âmbito do Saae, ao custo de quase R$ 2 milhões. Que Omir entregou os documentos para uma funcionária e aí veio a deflagração da operação e nada mais foi feito a respeito”, diz um trecho da colaboração de Jefferson Santos Lima.
Um dos advogados de Omir Quintino, Rui Antônio da Silva, disse ao DRD que não concorda com a colaboração e vai se pronunciar perante a Justiça. “Obviamente não concordamos com os fatos narrados na delação. A defesa vai se pronunciar, efetivamente nos termos da legislação e no direito de resposta, perante o poder judiciário.” O DRD tentou, mas não conseguiu manter contato com Fernando Pinto. Diante disso, o espaço está aberto para sua resposta.