Vacina contra a leishmaniose
Pesquisadores em Minas buscam vacina para acabar com eutanásia em cães, mas necessitam de investimentos do poder público
Cães infectados com leishmaniose sempre foram uma preocupação do poder público, por causa da transmissão da doença. A solução encontrada pelo setor, até o momento, é a eutanásia dos animais. Entretanto, esse método tem gerado comoção não apenas nos donos dos animais, como nos médicos-veterinários. Para buscar uma solução alternativa, o grupo de pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a Universidade Federal Ouro Preto (Ufop) e Fiocruz, com apoio da Fapemig, vem desenvolvendo uma nova vacina contra a leishmaniose visceral canina.
A pesquisa, iniciada em 2012, liderada pelo professor Rodolfo Cordeiro Giunchetti e pioneira no mundo, tem como base a utilização de proteínas do inseto flebótomo, que transmite o protozoário causador da leishmaniose visceral, para buscar uma forma mais efetiva de controlar o inseto e o protozoário por meio da vacinação do cão. A ideia é que, vacinado, o cão produza anticorpos que, por sua vez, ataquem o funcionamento dos mecanismos biológicos do inseto e inibam etapas de seu desenvolvimento, além de inibir a infecção pelo protozoário no próprio inseto vetor.
Assim, o inseto deixaria de transmitir o protozoário causador da leishmaniose visceral, a Leishmania chagasi. “Esses animais infectados poderiam receber essa vacina e criariam anticorpos contra o inseto, e o cão deixaria de ser considerado o reservatório da doença. Caso tenhamos sucesso, ao aplicar a vacina em um grande número de cães conseguiríamos controlar o número de insetos”, afirmou o professor e veterinário Giunchetti.
É necessário destacar que com a evolução das pesquisas a substância poderia ser usada em cães saudáveis. “Poderia ser uma solução para evitar de forma racional a eutanásia de cães com leishmaniose visceral, como medida de controle da doença, uma vez que a capacidade de transmissão do protozoário do cão para o inseto transmissor seria reduzida”, explicou o professor.
Apesar do bom desenvolvimento, os recursos para a continuação da pesquisa tem sido uma preocupação, pois devido a atual crise no País, têm sido feitos cortes no setor. “Estamos com dificuldades em conseguir mais recursos para continuar as pesquisas. Vale ressaltar que já estamos com poucos recursos para continuarmos, por isso pedimos e precisamos de mais apoio do poder público, além de empresas privadas do ramo veterinário para continuarmos e em breve lançarmos este produto no mercado. Entretanto, não podemos precisar a data de lançamento”, concluiu Ginchetti.
No ano passado, 72 pessoas com suspeita da doença foram examinadas em Valadares e 7 casos foram confirmados. Já nos cães, o número de suspeitas chegou a 10.703; destes, 2.228 foram sacrificados por terem a doença confirmada.