Sobre a Cultura do Estupro
Por Randel Corrêa – Psicólogo Clínico (CRP 04/31500)
Trabalhando a cerca de 5 anos de experiência como Psicólogo Clínico (MG) e do Governo do ES, combatendo a violência contra a mulheres e crianças, tenho presenciado ao vivo a cultura do estupro, da desvalorização e desrespeito à mulher de todas as idades.
Apesar de entendermos o estupro como um dos piores crimes que podem acontecer a alguém - segundo pesquisas sobre percepção de crueldade, ele só perde para o assassinato - muitos ainda são estranhamente incrédulos para acreditar que ele realmente acontece em números assustadores!
Duas mulheres já me pararam na rua, denunciando, pasmem: crianças de 10 para 15 anos vendendo o corpo ou a própria virgindade por uma caixa de bombom, ou simplesmente por R$10,00 míseros reais. E sabem o que é pior disso tudo, algumas fazem isso com o consentimento da própria mãe! Sim: Aliciamento em casa! Você não leu errado! Mães que deveriam estar protegendo suas filhas, estão as transformando em iniciantes no mundo da prostituíção, estas só são descobertas mediante a denúncias anônimas.
De acordo com uma pesquisa do IPEA, no Brasil, dos casos de estupro, 89% são mulheres, 70% das vítimas têm menos de 18 anos e 51% são vítimas negras. Estimativas com dados de 2015 sugerem que apenas 10% dos estupros sejam denunciados. Lembrando que estes dados revelados foram flagrantes, denúncias anônimas dentre outros, mas lembremo-nos de que muitas vítimas ainda estão em silêncio.
Nos Estados Unidos:
20% das universitárias foram estupradas, 84% por alguém que elas conheciam.
57% por ficantes ou namorados. Mas... 73% não achavam que era estupro, apesar de sentir que tinham sofrido um crime. (Pesquisa do Nationai Institute of Mental Health.)
Entre universitários:
4% dos rapazes admitem que já obrigaram alguém a fazer sexo com eles. Desses, 63% já fizeram isso com mais de uma mulher (a média é seis vítimas). 83% deles têm o hábito de embebedar as meninas antes do sexo. 92% conheciam as moças que estupraram. (Fonte: Dados americanos. David Lisak e Paul Miller, "Repeat Rape and Multiple Offending Among Undetected Rapist).
Para que você tenha uma idéia, um exemplo, de cada 10 crianças (todas meninas) violentadas que já atendi, pelo menos 6 eram vítimas de parentes próximos ou até do próprio pai.
No Brasil:
15% dos estupros são cometidos por duas ou mais pessoas. 50% dos estupros no Brasil são de crianças de até 13 anos e, desses, 68% são cometidos por pessoas próximas, como familiares ou amigos. (Fonte: Sinan/Ministério da Saúde)
É fácil falar de uma moça que vai a festas, usa roupas decotadas, curtas e tal, mas existem pesquisas que traçaram a preferência de estupradores e muitos deles preferiam não só as moças ditas como ‘’indecentes’’ pela sociedade, mas também inúmeras vítimas eram pessoas ''recatadas e bem vestidas''! Então todo cuidado é pouco.
Tenho dado palestras em escolas, sobre sexualidade e tecnologia, nestas eu também lanço o alerta para as moças e namorados que têm compartilhado vídeos e fotos íntimas pelas redes sociais, principalmente o WhattsApp. Eis aí grandes perigos a serem observados com muita atenção.
Resumidamente, tenho sempre aconselhado aos jovens meninos e rapazes para respeitarem com afinco as moças e para cada menina ou moça não permitir os ‘’avanços’’ dos meninos no que se refere ao seu corpo e como pessoa também. Mas temos um longo caminho a percorrer pois a mídia está cada dia mais erotizada mesmo nos desenhos animados e músicas. Isso ainda vai render muito assunto!
Sou pai e sei o quanto preciso estar atento ao meu filho, precisamos estar atentos ao que nossos adolescentes e jovens assistem. E se você conhece alguém que já sofreu qualquer tipo de violência e ainda está em silêncio, aconselhe esta pessoa a denunciar, bem como levá-la a um psicólogo bem preparado para isso também. Estejamos todos em alerta! Porque como dizia a minha avó: ‘’A gente só sente quando acontece algo ruim com alguém que a gente gosta’’. Sábias palavras!
Bom, pensemos nisso sempre com carinho, porque ainda existem muitas pessoas sofrendo em silêncio por todo Brasil e no mundo!
Um grandeabraço para você leitor para todas as pessoas que tem lutado em favor daqueles(as) que têm sofrido e superado cada trauma.
Fiquem com Deus!
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