A sala repleta de alunos desafia o ditado popular de que os jovens não apreciam música clássica e erudita. Muito pelo contrário, como afirmam  três instrumentistas ainda adolescentes, que cresceram ouvindo e tocando música clássica na Escola de Arte Miúda, em Diamantina, no Território Alto Jequitinhonha. Em meio à agenda atribulada de compromissos, eles desdobram-se para  conciliar os estudos, com a paixão pela música.

A estudante Sabrina Emanuelly Costa, de 18 anos, divide o tempo entre o bacharelado de Ciência e Tecnologia com as aulas de ballet e flauta transversal. Aliás, as férias da faculdade são usadas para botar em dia as atividades artísticas na escola.

"Faço de tudo para conciliar as aulas de música e ballet com a faculdade. A Escola de Arte Miúda é a nossa segunda casa. É o lugar onde passamos a maior parte do dia aprendendo cultura, história, coisas da cidade, além de conhecer novas pessoas", conta Sabrina.

Luis Augusto Gomes, de 17 anos, também faz tudo para não se afastar dos instrumentos de sopro.  "Comecei aos 11 anos de idade aprendendo tocar flauta doce. Depois pulei para a flauta transversal", conta. Ele integra a orquestra de flauta transversal da escola, que tradicionalmente se apresenta aos domingos no Sarau Arte Miúda, na Igreja São Francisco, no Centro de Diamantina.

Arte Miúda

A Escola de Arte Miúda, um dos cartões postais de Diamantina, localizada no centro histórico da Cidade, existe há 28 anos.  É tradicionalmente conhecida por suas apresentações nos principais eventos de Diamantina e região. O mais famoso deles é o Sarau Arte Miúda, que acontece todo mês na igreja São Francisco de Assis, no centro da cidade.

Dentre os cursos oferecidos estão os de instrumentos, musicalização infantil, teoria musical, canto coral, balé e artes plásticas.

No entanto, a deterioração da casa, com mais de um século de existência, comprometia as aulas e apresentações, como relembra a estudante universitária, Maria Cecíllia Teixeira de Alecrim, de 18 anos.

"A casa tinha muito problema com proliferação de cupim e mofo. Quando chovia, tínhamos que proteger os instrumentos musicais das goteiras. Com a reforma, todos esses problemas foram resolvidos. O prédio está mais arejado", relembra a estudante, que tem a escola como sua segunda casa para dançar ballet e tocar flauta transversal.

Reforma e restauração

O imóvel, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi reformado e restaurado pelo Governo de Minas Gerais. A obra foi entregue no final do ano passado.

A obra executada pelo Departamento de Obras Públicas (Deop)<http://deop.mg.gov.br/>, por determinação do governador Fernando Pimentel, incluiu a substituição do telhado, pintura interna e externa, construção de rampa para acessibilidade, dentre outras benfeitorias. Ao todo foram investidos aproximadamente R$ 802 mil.

O maior receio da diretora da Arte Miúda, Soraya Alcântara, era perder todo o acervo do Museu da Seresta, instrumentos musicais e demais materiais da escola, devido ao excesso de goteiras e ataque de cupins.

Percepção musical

Agora, devidamente estruturada, a escola de música segue com a missão de formar em música pessoas sensíveis e de visão apurada pela arte.

"A nossa casa recebe a visita de cerca de 500 pessoas por mês. O nosso papel é pesquisar, resgatar, estudar e divulgar a história musical de Diamantina", afirma a diretora.  Segundo Soraya, a escola possui 240 alunos, entre crianças, adolescentes e jovens.

Também vale destacar o papel social da Arte Miúda, de oferecer aulas gratuitas às crianças carentes. "Pelo Projeto Adoção fazemos uma pesquisa nas escolas em busca de novos talentos artísticos musicais. Com isso, as crianças ganham a oportunidade de frequentar a Arte Miúda gratuitamente", explica a diretora.

Serviço

A Escola de Arte Miúda funciona de segunda a sábado na Rua da Glória 252, em Diamantina.  Telefone (38) 3531-1191.