Um padre que atua em Frutal, no Triângulo Mineiro, foi preso nesse fim de semana em Caldas Novas (GO), suspeito de abusar sexualmente de um adolescente de 15 anos dentro de um clube no centro da cidade. A vítima tem deficiência mental. O religioso, Fabiano Santos Gonzaga, de 28 anos, foi autuado e já se encontra em uma unidade prisional da cidade. A Arquidiocese de Uberaba divulgou uma nota sobre o caso nesta segunda-feira.

De acordo com a delegada Sabrina Leles, titular da Delegacia da Infância, Juventude e da Mulher de Caldas Novas, o crime ocorreu na tarde de sábado. O nome do clube não foi divulgado. Vítima e suspeito estavam na cidade a passeio. O padre, acompanhado de amigos; e o garoto com a mãe, vindos de Brasília (DF).

Conforme a delegada, o adolescente entrou na sauna onde estava o padre e outro frequentador do clube. Quando o homem saiu, o religioso puxou conversa com a vítima, que respondeu algumas coisas. Após algum tempo, o garoto ficou calado e quis sair. Segundo Sabrina Leles, o adolescente contou que, naquele momento, o padre segurou a porta para impedir sua saída e o obrigou a praticar sexo oral nele. Depois do ato, o adolescente procurou a mãe. “Na hora que ele contou pra mãe e apontou o autor, ela foi até ele tirar satisfações, gritou com ele, estava muito nervosa e ele ficou quieto. A administração do clube acionou a polícia”, explica Sabrina. Os envolvidos foram levados à delegacia.

O adolescente relatou o caso à delegada com riqueza de detalhes. “O menino narrou minuciosamente para mim. Eu chamei um psicólogo que trabalha no Centro de Referência de Assistência Social. Ele está fazendo laudo de atendimento e já me adiantou que não tem a menor dúvida de que o menino foi vítima de abuso”, afirma a responsável pela investigação.

A delegada ouviu, na condição de testemunhas, um amigo e um padre que estavam com o suspeito no clube. Eles disseram que não estavam na sauna. O padre suspeito afirma que não cometeu o crime. “Ele nega que tenha abusado, mas afirma que realmente puxou assunto com o menino. Perguntei se ele notou que ele era portador de deficiência mental, ele disse que sim”, diz.

Ainda segundo a delegada, o celular do suspeito contém várias imagens de homens e jovens nus, e conversas de natureza sexual. Sabrina Leles pretende ouvir novamente o padre a respeito do material. “Como no momento do flagrante a gente não tinha acesso (às imagens) eu ainda não questionei. Mas no interrogatório afirmou que é homossexual”.

A equipe tem até 13 de junho para concluir as investigações. A delegada disse, ainda, que vai acionar a arquidiocese para oficiar o caso, com todo o conteúdo apurado, inclusive as imagens e trocas de mensagens no celular. “A postura dele, pela conversa e palavras de baixo calão, não condiz com o comportamento de um padre. Tem conversas de conteúdo sexual, aparentemente com outros padres”.

Igreja comenta o caso

Na manhã desta segunda-feira (6/6), a Arquidiocese de Uberaba, da qual Frutal faz parte, divulgou uma nota sobre o ocorrido em sua página no Facebook. A Cúria Metropolitana da cidade mineira indica que soube do caso pela imprensa e que aguarda a apuração dos fatos. “Pedimos perdão por qualquer constrangimento ou dor que pudemos causar com tal fato, e esperamos que tudo seja averiguado e resolvido o mais rápido possível, para que não haja maiores constrangimentos”, diz a Arquidiocese.

Com a data de domingo, 5 de junho, o texto é assinado pelo padre Saulo Emílio Pinheiro Moraes, vigário-geral. Leia a nota na íntegra:

“Diante do caso vinculado pelos meios de comunicação e que vem sendo apurado pelas autoridades legais, sobre o Padre Fabiano Gonzaga, presbítero pertencente ao nosso clero, e o seu envolvimento em um caso de abuso sexual contra um adolescente, na cidade de Caldas Novas, no estado de Goiás, a Arquidiocese de Uberaba, vem a público para manifestar, que diante do exposto aguarda a apuração dos fatos, pelas autoridades competentes.

Como Igreja, repudiamos todo tipo de violência e abuso, nos mais diferentes níveis; e sentimos as dores daqueles que sofrem, principalmente quando envolve um dos nossos representantes. Informamos, também, que o referido padre foi privado do “uso de ordens”, pelo Senhor Arcebispo, Dom Paulo Mendes Peixoto, ou seja, não tem jurisprudência para presidir ou administrar qualquer sacramento. Sendo vedado o exercício do ministério presbiteral ou qualquer outro encargo eclesiástico, por tempo indeterminado para apuração dos fatos.

Pedimos perdão por qualquer constrangimento ou dor que pudemos causar com tal fato, e esperamos que tudo seja averiguado e resolvido o mais rápido possível, para que não haja maiores constrangimentos”.