Aos 85 anos, morreu o ex-governador de Minas Gerais, Hélio Garcia, na manhã desta segunda-feira (6). Ele foi internado em um Hospital da Unimed, em Belo Horizonte, com pneumonia, e faleceu por volta das 7h30, segundo a assessoria de imprensa do diretório estadual do PMDB.

 O governador Fernando Pimentel (PT) lamentou a morte, por meio de nota:

 

Aos 85 anos, Hélio Garcia, que em 1984 elegeu-se vice-governador na chapa de Tancredo Neves – e comandou o estado por dois mandatos – 1984-1987 e 1991-1994 – , foi interditado pela família em 2006 por estar incapacitado para gerir a sua pessoa e bens.

Os últimos anos de sua vida foram reclusos. Hélio pouco saía de sua casa na rua Paracatu do bairro Santo Agostinho.

Foi um longo ostracismo provocado por vários problemas de saúde. Lapsos de memória evoluíram para esquecimentos e dificuldades inclusive de reconhecer mesmo pessoas próximas.

O ex-governador foi diagnosticado com provável mal de Alzheimer. Teve graves problemas circulatórios, osteoporose e insuficiência coronária. Usava marcapasso em decorrência de uma arritmia. Em outubro de 2006, foi interditado.
Adriana, filha mais velha, com o apoio da irmã do meio, Andréa, foi a curadora do pai até 2009. Mas uma indisposição entre a irmã mais nova, Daniela, e as duas mais velhas, entretanto, levou a uma sequência de entraves judiciais que inviabilizaram a curatela:

Adriana se viu impedida de renegociar empréstimos, contraídos por Hélio Garcia no processo de produção do café. A Fazenda Santa Clara era muito produtiva, empregava mais de cem trabalhadores, e iniciava a produção contraindo empréstimos bancários, que eram investidos no café e quitados após a comercialização.
Com o apoio de Daniela, o advogado Evandro de Pádua Abreu, que no segundo governo de Hélio Garcia (1991-1994) chegou a acumular várias pastas -, foi indicado pela juíza Ângela de Lourdes Rodrigues para a curadoria, em substituição a Adriana. Mas a gestão da curatela do antigo correligionário, que se estendeu de 2009 a 2012, trouxe mais problemas do que soluções.

Em março de 2015 a 2a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou Evandro de Pádua Abreu, por desvio dos seus rendimentos utilizados em atividades distintas à sua finalidade.

Segundo a sentença, ele deixou de efetuar pagamentos e despesas essenciais como plano de saúde, contas de água, luz, tevê por assinatura, telefone fixo, celular, condomínio, entre diversas outras, o que levou à sua inclusão no cadastro de pessoas inadimplentes, além da deterioração de sua qualidade de vida. Francisco Luís Moreira Penna foi nomeado curador em substituiçao a Evandro de Pádua.

Depois de ter exercido vários mandatos como deputado estadual e federal, Hélio Garcia foi eleito vice-governador na chapa de Tancredo Neves em novembro de 1982.

Em um pleito histórico e apertado, o primeiro para governador em tempos de reabertura democrática lenta e gradual, Tancredo e Hélio, pelo PMDB, derrotaram o candidato governista do PDS, Eliseu Resende (ex-senador já falecido).

Logo depois de empossado, Hélio Garcia foi nomeado por Tancredo Neves prefeito de Belo Horizonte, em substituição a Júlio Laender.

Ainda resquício do período militar, naquele tempo, prefeitos de capitais eram indicados pelos governadores – que, por seu turno, foram nomeados pelo regime até 1982. Já em sua gestão como prefeito, entre 1983 e 1984, Evandro de Pádua Abreu foi secretário. E assim seguiria, em todos os mandatos exercidos por Hélio Garcia.
Hélio Garcia foi um dos principais articuladores do Acordo de Minas, que garantiu a repetição no estado das negociações que levaram à formação da Aliança Democrática – coligação do PMDB com a Frente Liberal (dissidência do PDS liderada por Aureliano Chaves) – para lançar a candidatura de Tancredo Neves à Presidência em agosto de 1984.

Dois dias depois de ser escolhido pela convenção do PMDB, Tancredo renunciou ao cargo de governador. Hélio Garcia passou então o comando da prefeitura a Rui Lage e assumiu o comando do estado.
Em 1986, Hélio Garcia, que concluía o governo com 85% de aprovação, apoiou a contragosto a candidatura de Newton Cardoso. Este havia conquistado dentro do PMDB a indicação para disputar o governo de Minas, derrotando Pimenta da Veiga.

Com o apoio de Hélio Garcia, Newton conseguiu reverter a vantagem do concorrente Itamar Franco. Em 1990 Hélio Garcia deixou o PMDB e fundou o Partido das Reformas Sociais (PRS). Nele, elegeu-se novamente governador de Minas, derrotando no segundo turno Hélio Costa, então no PRN. Foi o segundo e último mandato à frente do estado.