Uma mineira vive dias de dor desde que suas filhas, que moravam em Portugal, desapareceram há quase quatro meses. As irmãs Michele Santana Ferreira, de 28 anos, e Lidiana Neves Santana, de 16, além da amiga delas, a capixaba Thayane Milla Mendes, de 21, não entram em contato com parentes e amigos desde o último dia 28 de janeiro.

Segundo a moradora de Campanário, na Região do Rio Doce, em Minas Gerais, a auxiliar de serviços gerais Solange Santana Leite, de 50 anos, a filha mais velha, que está grávida de 3 meses, mora em Lisboa, em Portugal, há 9 anos, na companhia de um outro brasileiro com que mantinha um relacionamento. No fim do ano passado, Michele convidou a irmã mais nova para morar com ela. A adolescente aceitou o convite. Pouco tempo depois, em janeiro, a capixaba amiga delas também viajou para o local. Foi quando a agonia de Solange começou, uma vez que dias depois da chegada de Thayane a Lisboa, ela perdeu contato com as jovens.

— O pior é eu não saber se minhas filhas estão vivas ou mortas. O último contato que tive com elas foi em 28 de janeiro. Desde então, nada, nada, nada. Nenhuma notícia. É muita dor. A gente não sabe onde procurar, a polícia diz não ter novas notícias. Não sei se a causa delas está sendo abraçada pelas autoridades — lamentou a auxiliar de serviços gerais.

Ainda de acordo com Solange, na esperança de ter alguma informação sobre as jovens, ela entrou em contato com o companheiro da filha mais velha.

— Ele disse que elas estavam bem e que iriam para Londres. Ele disse que Michele tinha largado o emprego e saído do Facebook para não ser encontrada pela ex-patroa. Mas eu desconfio dessa história. Elas não iriam para outro país sem me avisar. Elas estavam sempre em contato comigo — contou Solange, cuja filha mais velha trabalha como faxineira no país europeu.

Irmãs mineiras não dão notícias de seu paradeiro desde janeiro

Irmãs mineiras não dão notícias de seu paradeiro desde janeiro Foto: Reprodução / Desaparecidos do Brasil

 

A mãe das mineiras diz ainda que o companheiro da filha, poucos dias depois, voltou para Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, onde tem um filho com outra mulher.

— Só ele sabe o que aconteceu com minhas filhas. Ele já foi ouvido pela polícia (brasileira), mas não sei o que ele pode ter contado — contou a mulher, que acrescentou: — Uma amiga contou que ele costumava ser agressivo com a Michele.

Solange diz que o Itamaraty está acompanhando o caso e que, segundo as últimas informações que recebeu, não há registro de saída das jovens de Portugal. Enquanto não recebe notícias sobre as mulheres, a mineira conta com a ajuda de internautas para arrecadar dinheiro pela internet com o objetivo de ir pessoalmente a Lisboa acompanhar o caso. Até o momento, já foram arrecadados cerca de R$ 10 mil.

— Eu quero ir lá ver o que descubro — diz.

O Itamaraty acompanha o caso desde fevereiro. Segundo as informações obtidas pelo órgão, as jovens teriam planos de ir para Londres, mas não há registro nem da saída delas de Portugal, nem da entrada no Reino Unido.

A Embaixada e o Consulado do Brasil em Lisboa estão com contato com a família prestando todo o apoio consular e fazendo a ponte com as autoridades portuguesas.

O adido policial também está acompanhando o caso, que foi incluído no sistema de alerta da imigração da polícia inglesa e da Interpol. Em Portugal, o caso está sendo investigado por meio do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Polícia de Segurança Pública.