Cores e formas  que saem das mãos de um grupo de adolescentes, mudam a paisagem dos muros da pacata cidade de Coronel Murta, encravada entre montanhas e o majestoso rio Jequitinhonha.

A iniciativa foi do Centro de Referência e Assistência Social, o  CRAS, ligado à prefeitura, que apoiou o projeto de uma oficina de grafite para a meninada.

Para inicio de conversa, quem não conhece grafite ou ainda o confunde com outras inscrições, vou explicando que  grafite é uma expressão artística cujo conteúdo expressa geralmente os dilemas urbanos com poesia e críticas humoradas a partir de mensagens, letras e desenhos estilizados,  produzidos artesanalmente.

 Os recursos necessários são alguns materiais  como tintas látex e sprays, canetões, pincéis e rolinhos.

palavra grafite  é um aportuguesamento de grafito, proveniente do italiano. No bom português  grafite é palavra, frase ou desenho feito em muro ou parede.

Esse estilo de arte urbana surgiu no final dos anos 60 nas ruas da Filadélfia e de Nova Iorque (EUA) em forma de protesto, aliando desenho e mensagem escrita.

“ É uma prática educativa , pois propicia conhecimentos, participação, oportunidades e aprendizados “, resume  Rosângela Perroni, secretária Municipal de Assistência Social de Coronel Murta.

Durante a oficina realizada na sede do CRAS, os adolescentes aprendem o manuseio dos sprays, as técnicas, os desenhos e as estratégias de apropriações desses espaços.

"Usamos  galões de tintas com tons naturais e a meninada foi usando a imaginação para colocar os desenhos nos muros", informou Isac Alves.

“Queria muito participar, mas não consegui vaga”, lamenta Michel Cardoso Costa, 14 anos. Mesmo sem estar inscrito, ele acompanha o trabalho das turmas.

“Muito bom. Aprendi coisas que não sabia como por exemplo, pintar com spray e manusear pincéis”, reconhece Luiz Miguel, 13 anos, estudante do 9º ano.

“ Esta sendo uma experiência diferente.  A gente não sabia o que era grafite. Muito legal fazer esta oficina e ver o resultado dos desenhos nos muros”, destaca os adolescentes Mateus Gonçalves, de 14 e Alexander Cardoso, de 15 anos.

As meninas também fazem bonito e opinam.  “Mudou meu jeito de ver a arte. Antes não dava muita importância. Agora passei a apreciar”, afirmou Ana Carolina Ramos, de 14 anos.

“ Agora sei diferenciar grafite de pichação”, acrescentou Zaíra Fonseca de 13 anos.

“ O grafite une grupos, principalmente pessoas que gostam de desenhar. É um trabalho sério”,  observa Isac Alves, 38 anos, instrutor da oficina. Ele conta que se iniciou na arte aos 18 anos.

“ É um aprendizado que talvez a gente possa usar no futuro”, acreditam Iris Ramos Ribeiro e Diana Pereira,  de 14 anos.

" É muito bacana ver esta turma de adolescentes se despertando para a arte", comemora Moisés Batista de Jesus, 23 anos, estagiário do Curso de Serviço Social, que participa das atividades dando suporte ao grupo.