A Polícia Civil pediu nesta segunda-feira (07) a prisão preventiva do sargento da Polícia Militar suspeito de assassinar um caminhoneiro em Governador Valadares, no Leste de Minas. Eles eram vizinhos e o crime ocorreu durante uma discussão nesse domingo (06). Um vídeo gravado pela esposa da vítima mostra o momento do assassinato. O corpo do homem foi velado na manhã desta segunda e encaminhado para São Paulo onde será enterrado.

A família do caminhoneiro morava no Bairro Santa Rita, onde ocorreu o crime, há dois anos, e diz que enfrentava problemas de convivência com o policial desde maio de 2015. A esposa da vítima Viviane Silva de Aguiar diz que as imagens gravadas eram para usar como provas contra o policial, junto à Corregedoria da PM, mas não esperava que a discussão fosse terminar dessa forma.

“Em outras situações, ele apontou a arma e fez ameaças. A Corregedoria disse que era importante uma foto ou uma gravação, por isso comecei a filmar, para ter uma forma de provar as denúncias que já tinha feito. Eu me desesperei quando ouvi os tiros, ninguém esperava isso”, esclarece. Ela afirma ter procurado a Corregedoria por cinco vezes.

De acordo com Viviane Aguiar, o policial já tinha ameaçado de morte o filho do casal, de 14 anos, depois que o garoto estourou bombinha na rua. Ela conta ainda que já procurou a Justiça por várias vezes para tentar resolver as desavenças com o vizinho. “Eu fui ao Conselho Tutelar pedir uma medida protetiva para o meu filho, porque eu tinha medo que ele o matasse na rua”, afirma. A mulher diz que registrou três boletins de ocorrência e entrou com dois processos judiciais contra o sargento.

Segundo a filha do casal, a vítima aparece no vídeo com uma faca que era usada na instalação de uma câmera de segurança na casa da família. A discussão teria começado depois que o homem resolveu tirar satisfação com o sargento sobre a ameaça e agressões feitas ao filho dele. Nas imagens, quando o sargento atira, a vítima já estava desarmada.

Em nota, a Polícia Militar comentou o vídeo e esclareceu que o fato da vítima ter permanecido com as mãos para trás daria a entender que ele poderia estar com a faca. A PM disse ainda que o caminhoneiro desobedeceu à ordem do militar para que se desarmasse e retornasse para a casa.

Em relação às reclamações feitas pela família junto a Corregedoria, a corporação informou que há registro de apurações que comprovaram que os fatos se tratavam de conflitos entre vizinhos, mas não há nada sobre a conduta do autor que fosse contrária à disciplina e ética dos policiais militares. A polícia ainda afirmou que o sargento é um profissional exemplar.

A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o caso e o sargento está foragido.