A Polícia Civil de Minas Gerais, por meio do laboratório de química do Instituto de Criminalística, obteve 100% de acerto no Exercício Colaborativo Internacional (ICE), promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), como parte de um programa de controle de qualidade dos laboratórios de análise de entorpecentes internacionais.

O objetivo do exame é ajudar os laboratórios ao redor do mundo a conhecer seu próprio desempenho e tomar medidas de melhoria quando necessário. O programa também dá à ONU um panorama sobre as novas drogas que estão sendo apreendidas e identificadas no mundo, como as drogas sintéticas, para verificar se há necessidade de controle internacional. Em 2014, por exemplo, a ONU colocou 10 novas drogas sob controle Internacional, a partir dos relatórios do ICE.

A chefe da Polícia Civil, delegada Andréa Cláudia Vacchiano, comemorou o resultado do programa, já que foi a primeira participação da Instituição e com 100% de sucesso. Segundo ela "esse resultado demonstra que a Polícia Civil de Minas Gerais tem dado o tratamento adequado à Perícia Criminal, que constitui importante ferramenta da Investigação Criminal". 

Essa também é a avaliação do diretor do Instituto de Criminalística, perito criminal Marco Paiva. "Hoje sabemos que o laboratório está no caminho certo, com excelente nível de competência de pessoal e de equipamentos. A avaliação do desempenho do laboratório de forma positiva é um resultado tangível e bem objetivo da nossa qualidade, sob a chancela de um órgão internacional".

Para o chefe da Divisão de Laboratório do Instituto de Criminalística, perito criminal Pablo Alves Marinho, o resultado do programa "mostra que nosso laboratório está preparado para identificar não apenas drogas comumente apreendidas, como cocaína, crack, maconha, mas também novas drogas, como as sintéticas".

O exercício ocorre em mais de 200 laboratórios no mundo, em cerca de 60 países diferentes. Essa foi a primeira vez que a Polícia Civil de Minas Gerais participou, já com 100% de sucesso. Também participaram os laboratórios das polícias civis do Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina e Paraíba.

Como funciona

O exame acontece duas vezes por ano. A ONU encaminha quatro amostras de composição desconhecida, juntamente com alguns padrões, que podem auxiliar na identificação dos componentes. O padrão é a substância pura, onde se conhece a composição e a concentração exata da droga. As amostras desconhecidas devem, então, ter sua composição química e pureza desvendada pelos laboratórios participantes do programa.

Inicialmente faz-se uma triagem usando a cromatografia gasosa para identificar grupos de drogas, como derivados da cocaína, maconha, alucinógenos etc. Depois se realiza o exame de confirmação para constatar qual a molécula específica que está presente naquela amostra. Essa confirmação é obtida pelos exames de espectrometria de absorção do infravermelho e de cromatografia líquida.

O laboratório da Polícia Civil foi capaz de identificar com 100% de acerto as drogas presentes em cada uma das amostras. Além disso, foi possível determinar com precisão o nível de pureza da droga em duas amostras das quatro examinadas.