A mãe da recém-nascida que foi abandonada dentro de uma caçamba de lixo no Bairro Doutor Eduardo, em Caratinga, foi indiciada nesse domingo (21) e encaminhada para o presídio. De acordo com o delegado, Diogo Medeiros, o crime foi caracterizado como infanticídio, já que ficou constatado por meio de laudo que a mãe estava em estado puerperal. A bebê teria sido levada por um tio até o local.

"Após o parto pode ocorrer uma alteração física e psíquica com a mulher. Isso acarreta a redução da capacidade de entendimento delas. No caso desta mãe, caracterizou crime de infanticídio, que se assemelha a homicídio, devido ao estado em que ela se encontrava. O código penal tem um tratamento menos rigoroso para estes casos", contou.

A recém-nascida foi encontrada por uma catadora de lixo na manhã do sábado (20), foi encaminhada para a maternidade, mas acabou morrendo. O laudo pericial constatou que a menina foi morta por asfixia.

Segundo o delegado, durante o depoimento, a mãe, de 32 anos, contou que entrou em trabalho de parto por volta de 00h, e que ligou três vezes para o Corpo de Bombeiros de Caratinga para pedir ajuda no parto, porém os militares não teriam aparecido.

"Ela relatou durante o depoimento que depois de ter feito o parto caseiro, enrolou a recém-nascida em um lençol, colocou em uma cama e dormiu. Depois disso, ela teria acordado com populares já na casa dela, e ela não sabia onde o bebê estava", informou.

O tenente da PM, Fabricio Pizzani, disse que foi até o Corpo de Bombeiros de Caratinga e o órgão informou que não houve registro para auxilio de parto. Os policiais também procuraram na casa da mãe o aparelho celular utilizado na chamada, porém nada foi localizado.

Após o crime, os militares tiveram que conter os moradores, que queriam linchar a mãe e o tio da criança.

Lixo
O delegado explica que o irmão da mulher teria levado a criança até a caçamba de lixo. Segundo o Diogo, o tio da recém-nascida, que teria deficiência intelectual, afirmou que não sabia o que estava fazendo.

"O tio da criança sofre de transtornos e informou que não sabia que tinha um bebê enrolado no lençol. Ele afirmou categoricamente que a irmã não pediu que ele levasse a criança até o lixo. Segundo ele, foi feito por conta própria. Devido a falta de provas, e o fato do homem ter problemas mentais, a PC optou por não autuá-lo em flagrante", explicou.

Medeiros conta que a PC terá um prazo de 10 dias para concluir o inquérito, e que até lá outras testemunhas serão ouvidas.

"Conversamos também com alguns parentes da mãe e do tio. O que apuramos até agora é que a mulher não cuidava muito bem dos outros três filhos. Já sobre o tio, recebemos informações de que ele era uma pessoa muito carinhosa e não se envolveria em nenhuma atividade criminosa", finalizou.