A segunda etapa de vacinação do rebanho mineiro contra a febre aftosa, realizada em novembro de 2015, registrou um percentual de 97,42% de imunização de bovinos e bubalinos com idade de um dia a 24 meses. Foram imunizados 9.167.626 animais de um total de 9.410.657.

A apuração dos resultados da vacinação foi finalizada na primeira quinzena de janeiro deste ano, a partir das informações fornecidas pelos produtores rurais ao Sistema de Defesa Agropecuária (Sidagro), software do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) que realiza o acompanhamento de dados relacionados à defesa agropecuária em Minas.

O diretor-geral do IMA, Márcio Botelho, considerou importante o resultado. “Esse desempenho demonstra que, mais que uma obrigação legal, os criadores mineiros estão conscientes da importância de se vacinar os animais, iniciativa que é a única forma de se proteger os rebanhos contra a doença”. Ele completa que o resultado assume importância ainda maior, tendo em vista que Minas se prepara para comemorar, neste ano, duas décadas sem ocorrência de febre aftosa, o que garante ao estado o status de área livre com vacinação concedido pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE). “A manutenção desse status é fundamental para garantir os produtos carne, leite e derivados para o consumidor mineiro e brasileiro e, também, para as exportações dos produtos da bovinocultura para o mercado internacional”, diz. 

Minas Gerais possui um plantel de 23,9 milhões de cabeças de bovinos e bubalinos. A vacinação desses animais contra a febre aftosa é obrigatória e acontece duas vezes por ano. Em maio são vacinados todos os animais, independente da idade e, em novembro, aqueles com idade de um dia a 24 meses.

Biosseguridade  - Márcio Botelho lembra outros resultados importantes em 2015 como o aumento de 12% na venda de doses de vacina antirrábica, que no ano passado alcançou 14,4 milhões de doses, ante 12,7 milhões de doses comercializadas em 2014. A vacina imuniza bovinos e equinos entre outros animais que compõem o plantel pecuário do estado contra a raiva transmitida pelo ataque do morcego hematófago Desmodus rotundus.

O diretor-geral do IMA lembra que outro passo importante no ano passado foi a edição, pelo Instituto, da portaria 1555, concedendo prazo para que as granjas ainda sem registro junto ao IMA o façam até o final de fevereiro deste ano. O registro implica na adoção de medidas de biosseguridade preventivas à influenza aviária. “O Brasil não tem registros da doença, mas os estados estão buscando prevenir-se, uma vez que o vírus já foi registrado em granjas norte-americanas e pode chegar ao país pelo processo de migração das aves”, relata o dirigente.

O IMA deu continuidade em 2015 às ações para a manutenção do status de risco insignificante para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ou doença da vaca louca. Este status é atribuído ao país pela OIE, com base em relatório periódico apresentado pelo Brasil com medidas preventivas realizadas pelo serviço veterinário oficial. Entre elas, a sistemática coleta de parte do sistema nervoso central de animais acometidos por síndrome nervosa, visando seu processamento e diagnóstico da doença. O Instituto também adotou, ao longo do ano, medidas para o reconhecimento internacional de Minas como zona livre de peste suína clássica.

Área livre de sigatoka negra

Márcio Botelho ressalta também as ações de defesa agropecuária na área vegetal realizadas pelo Instituto que garantiram, entre outros, a manutenção da área livre de sigatoka negra para as regiões do Triângulo Mineiro, Norte, Noroeste e Nordeste de Minas.Esta praga prejudica a produtividade das plantações de banana. Foram realizados levantamentos fitossanitários e coleta de amostras de folhas enviadas para análise laboratorial, cujos resultados são informados a cada trimestre ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). “Para este ano o IMA solicitará ao Mapa o status de área livre para todo o estado, tendo em vista que não há ocorrência da praga há 10 anos em Minas”, argumenta.  

O IMA fiscalizou em 2015 uma área 7,1% maior do vazio sanitário nas culturas da soja, algodão e feijão, contribuindo para a redução do uso de agrotóxicos nessas lavouras. A área fiscalizada no ano passado somou cerca de 240 mil hectares. Durante o período do vazio, que vai de um a três meses, fica proibido o cultivo dessas três culturas como forma de se prevenir pragas nas plantações.

O Instituto também realizou no ano passado o monitoramento preventivo e de controle de pragas por meio de  levantamentos fitossanitários nas lavouras de banana, citros, uva e pinus  e em viveiros de mudas de café. Foram emitidos 120.197 documentos  de permissão de trânsito vegetal, necessários para o trânsito de produtos dentro do estado. E ainda, foram realizados cerca de 3800 fiscalizações de agrotóxicos, sementes e mudas. 

O diretor-geral do Instituto ressalta que também teve continuidade a execução de programas como o Sisbov,  que propicia a exportação de carne bovina e bubalina para a União Europeia e as  certificações de olerícolas e frutas orgânicas e SAT (Sem Agrotóxicos), de  café e cachaça, além do cadastramento de produtores de Queijo Minas Artesanal. “A certificação é boa para consumidores, que têm a oportunidade de acesso a produtos de mais qualidade, e para os produtores, que podem obter preços melhores para seus produtos”, pondera Botelho. 

Lembrou também das ações de apoio à agricultura familiar citando, entre outros,  a realização de cursos de boas práticas de fabricação  para produtores rurais. Em 2015 o IMA realizou em parceria com o  Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes) a capacitação de 351 novos agentes aptos para vacinarem o gado, por meio do  Programa de Apoio à Saúde Agropecuária (Pasa). Esses agentes vão atuar em regiões onde há carência de médicos veterinários.