Imagine ganhar na loteria e, sem querer, jogar o bilhete premiado no lixo? Foi exatamente isso que aconteceu com o aposentado Adão Ribeiro Barbosa, de 89 anos, residente em Coronel Murta, no Vale do Jequitinhonha (MG).

Como sempre faz , o idoso foi no sábado (9) até à única Casa Lotérica no centro da cidade,  e fez dois jogos: um de R$ 16 reais,  na Loto Fácil,  e outro de R$ 12 reais na Quina. “ Há 3 anos, aposto nos mesmos números. Conferi a Loto e como não deu, joguei os dois bilhetes no lixo”, disse o aposentado.

Foi somente na  noite de segunda-feira (11),  que ele  descobriu que havia acertado os números sorteados e que havia ganhado R$ 8.966 reais.

Mas, onde estava o bilhete?

Ao saber do ocorrido, um dos filhos do aposentado passou a vasculhar todo o lixo da casa, até encontrar o bilhete premiado no lote vago do vizinho.

“Se tivesse chovido, o bilhete estaria derretido”, comemora seu Adão, lembrando da chuva que caiu na cidade, três dias antes.

“ Foi uma benção de Deus”, disse Maria da Cruz Oliveira, a Fiinha, 60 anos,  esposa do aposentado que na terça-feira (12) foi até a uma agência da Caixa e depositou o dinheiro em uma conta.

O casal, feliz da vida com o prêmio,  disse que usou  o dinheiro para  pagar algumas dívidas.

“Chegou na hora certa. Usamos o dinheiro  também para pagar exames e medicamentos que ele usa para tratamento de saúde”, explicou a esposa.

Adão Ribeiro Barbosa, conhecido por Adão de Fiinha, é pai de 17 filhos. Possui ainda 34 netos e 3 bisnetos.

 

“ Dos R$ 8.966 reais ele  separou  R$ 1.700 para distribuir entre os filhos.

 

“ Como perdi dois , dei a parte que cabia a eles para os 4 filhos deles”, disse orgulhoso o aposentado.

 

 

Premiado 60 vezes

 

 

Uma das distrações do seu Adão, que sobrevive com um salário mínimo da aposentadoria , é fazer seu joguinho da loteria todos os dias.

 

 

Sortudo, ele já ganhou 59 vezes, fazendo o terno, e agora a quadra  na Quina, jogando sempre os mesmos números.  “ Não me importo de revelar os números, mas a Fiinha não deixa, para não atrapalhar a sorte”, diz sorrindo o aposentado, ao falar da exigência da mulher.

 

“ Os valores são pequenos, variam de R$80 a R$ 100 reais, mas ajuda”, comemora a esposa.

 

Ela lembra que há dois anos, um amigo do casal jogou na rua um bilhete marcado, mas não apostado. “ O Adão pegou os números do cartão, apostou e ganhou”, diz Fiinha.

 

Cantineira de uma escola municipal, ela recorda dos tempos difíceis que a família já passou.

 

“Certa vez, não tinha nem um tostão em casa. As contas de luz estavam atrasadas, quando o Adão lembrou que havia jogado na loteria. O bilhete já estava há mais de 5 dias no bolso dele. Quando ele foi conferir, havia sido premiado. Deu para pagar as contas e ainda sobrar um pouquinho de dinheiro”.

 

Pedra preciosa no Natal

"Em outra ocasião, os meninos ainda eram crianças. Não tinha nada em casa. A situação estava muito ruim. Eu e ele sem trabalho. Era véspera do Natal de 1995 e nós dois sem nenhum  dinheiro. Entristecido, Adão saiu de casa e foi até a um terreno que fica nos fundos do cemitério da cidade e encontrou uma pedra preciosa.  Era uma turmalina que ele vendeu na época por um dinheiro que hoje estaria em torno de R$ 10 mil. Na mesma semana, um dos meus filhos que era adolescente, encontrou outra pedra igual que ele vendeu pelo mesmo valor. O dinheiro deu para pagar contas, comprar presente para as crianças e ainda abastecer a dispensa da casa", relembra a esposa do aposentado.

A cidade de Coronel Murta, é conhecida por ser região de garimpo e de extração de pedras semipreciosas, famosas no Brasil e no exterior.

O casal agradece a Deus pela sorte e também pela insistência do seu Adão em jogar sempre os mesmos números na loteria.