Representantes de 22 dos 33 municípios atingidos pelo rompimento da barragem em Mariana se reuniram nesta terça-feira (29) para discutir formas unificadas para cobrar da Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, ações mais efetivas no atendimento às cidades. O encontro foi realizado pela Associação dos Municípios da Microrregião do Rio Doce (Ardoce) em parceria com a Prefeitura de Governador Valadares.

O prefeito de Mariana, Duarte Júnior, afirmou que a Samarco não tem cumprido todas as medidas que ficaram acordadas desde os primeiros momentos após o rompimento da barragem de Fundão.

"O que nos foi orientado é que cada município iria levantar o seu dano, o Ministério Público iria auditar para verificar se os preços estão legais e a Samarco seria responsável por recuperar esses danos ambientais. Acontece que a Samarco já contratou uma empresa e essa empresa não fez contato com os municípios para entender quais são os principais danos. A gente não concorda, porque cada município, cada prefeito, conhece e sabe o seu problema. A gente fica preocupado porque a gente precisa dar uma resposta para a população, e a forma que vem sendo conduzida não está trazendo satisfação aos municípios", desabafou.

Duarte Júnior afirma ainda que a barragem de Germano teria 22% de chances de se romper, situação que preocupa o município e os moradores de Mariana, bem como as demais cidades que podem ser novamente atingidas.

Também esteve presente no encontro o prefeito de Resplendor, César Romero, que comentou a respeito das manifestações que ocorreram na cidade nos últimos dias. Ele disse estar ao lado da população e também ser contra a retomada do abastecimento da cidade ser feito com as águas do rio Doce. Segundo ele, essa situação não deve ocorrer, uma vez que foi retirada nesta terça-feira a bomba que captaria água do rio.

O abastecimento também foi o ponto destacado pela prefeita de Governador Valadares, Elisa Costa. Segundo ela, o município vai exigir que a Samarco cumpra o acordo de viabilizar a captação nos rios Suaçuí Grande e Suaçuí Pequeno.

Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski informou que o próximo passo será a elaboração de um documento com a participação de todas as cidades atingidas para ser encaminhado ao Ministério Público.

"Nesse encontro a ideia é fortalecer a união de todos os municípios diretamente afetados. Se nós ficarmos isolados tratando das questões locais, a gente vai perder a força que nós peecisamos. Nossa proposta é tirar uma agenda comum e uma pauta comum, para que a gente possa fazer dessa pauta o principal documento que vai nortear a discussão na força-tarefa e na ação civil pública que está sendo movida pelo governo federal com os governos estaduais", destacou Leonardo Deptulski, prefeito de Colatina.

Para o prefeito de Conselheiro Pena e presidente da Ardoce, Roberto Balbino, a Samarco precisa dar mais assistência aos municípios atingidos, sendo que a mobilização destes tornarão as cobranças mais efetivas.