Governador em exercício, Pedro Bitencourt, destaca importância da preservação da memória em Minas Gerais
Ao lado da presidenta Dilma Rousseff, ele participou da inauguração, em Congonhas, de um dos maiores centros de pesquisa do Barroco no Brasil
O governador de Minas Gerais em exercício, desembargador Pedro Bitencourt Marcondes, participou nesta terça-feira (15/12) da inauguração do Museu de Congonhas, construído ao lado do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas, na Região Central de Belo Horizonte. Ao lado da presidenta Dilma Rousseff e do ministro da Cultura, Juca Ferreira, o governador ressaltou a importância de se preservar a memória de Minas Gerais contida nas obras do século XVIII do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e do pintor Manoel da Costa Ataíde.
Bitencourt destacou a importância do novo museu para o povo mineiro, cuja inauguração coincide com as comemorações de 30 anos do título de Patrimônio Cultural Mundial do Santuário do Bom Jesus de Matozinhos e dos 70 anos de existência da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O santuário engloba a basílica, a escadaria com os 12 profetas esculpidos em pedra sabão por Aleijadinho e seis capelas com cenas da Via Sacra, com 64 esculturas em cedro, em tamanho natural.
“É com grande satisfação que se inaugura hoje o Museu de Congonhas, com obras de grande valor artístico e cultural para Minas Gerais e o País. As obras de Aleijadinho e de Manoel Ataíde são um presente. Aqui temos um traço do passado, essencial para a cultura e a memória de um povo. O povo mineiro só tem a agradecer, porque este museu representa um novo marco para o Estado”, afirmou, lembrando ter sido a obra possível graças à parceria entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário junto à iniciativa privada e a comunidade política e religiosa de Congonhas.
A presidenta Dilma Rousseff afirmou que o museu será referência no estudo sobre o Barroco Mineiro e as esculturas em pedra sabão do mestre Aleijadinho, além de ajudar na diversificação da economia do muncípio, hoje dependente da atividade minerária. “O Museu de Congonhas vai propor uma nova maneira de se admirar o Santuário. Vai ser um centro de pesquisa do mundo todo sobre o barroco e valoriza a força do povo de Congonhas que preservou essa beleza aqui existente em pedra sabão. Temos aqui a digitalização em 3D dos 12 profetas, feitos em uma ação coordenada pela Unesco”, disse.
Segundo a presidenta, outra possibilidade que se abre é a geração de novos empregos ancorados no patrimônio histórico. “Teremos a participação da população em uma das maiores fontes de renda, diversificando a base produtiva de Congonhas, diminuindo a dependência em relação à mineração. Ampliaremos o tempo que o turista ficará na cidade. Com este Museu, teremos demanda de hotéis, alimentação, comércio, e fortaleceremos a educação e a pesquisa”, explicou.
Durante a cerimônia, a presidenta da República lembrou a tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, no último dia 5 de novembro, cujos rejeitos atingiram o rio Doce até a sua foz, no Espírito Santo. Segundo Dilma, o governo federal não está medindo esforços para dar apoio às vítimas e para responsabilizar os autores. “Reafirmo as missões do governo federal em atender às vítimas, em responsabilizar os culpados, além da missão de recuperação física e ambiental dos mananciais do rio Doce. Essa recuperação congrega esforços também de Minas Gerais e do Espírito Santo. O governador Fernando Pimentel tem atuado na relação com os prefeitos”, observou.
O prefeito de Congonhas, José de Freitas Cordeiro, agradeceu ao governo do Estado pela devolução, ao Museu de Congonhas, de um retrato de Aleijadinho. “Esta obra monumental representa a história do nosso Brasil. Nele se preservará a história da nossa cidade e despontará como o maior conjunto estatutário das Américas”, disse.
Em seu pronunciamento, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, destacou que “entre o passado histórico e o futuro” está o “Brasil democrático”. “Em tempos de intolerância, pensamos no Barroco mineiro, a arte que reflete valores universais de solidariedade”, frisou.
Já Lucien Muñoz, representante da Unesco no Brasil, afirmou que o museu dará “protagonismo” à comunidade de Congonhas e é um exemplo do compromisso da organização com a cultura e a promoção do turismo cultural no Brasil. “O museu tem um aspecto único: Aleijadinho, a quem o mundo vai poder conhecer melhor e ter acesso às suas obras”, citou.
O Museu de Congonhas foi financiado com recursos captados pela Lei Rouanet e com verba da Prefeitura de Congonhas e levou cerca de 10 anos para ser finalizado e entregue à população. Entre os patrocinadores do empreendimento estão o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e bancos privados. Instalado em um edifício de 3.452 m² ao lado do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, contempla três pavimentos com salas de exposições, biblioteca, auditório, espaço educativo, cafeteria, anfiteatro ao ar livre, reserva técnica, entre outros. O projeto é do arquiteto mineiro Gustavo Penna.
Também participaram da cerimônia os secretários de Estado de Governo, Odair Cunha, de Cultura, Ângelo Oswaldo, e de Direitos Humanos e Participação Social, Nilmário Miranda, deputados federais, estaduais, vereadores, lideranças da Arquidiocese de Mariana, sociedade civil de Congonhas e a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado.