O protesto dos índios da etnia Krenak, que ocorre  no trecho da Estrada de Ferro Vitória a Minas, em Resplendor (MG), completa quatro dias nesta segunda-feira (16). Os manifestantes reivindicam a recuperação do Rio Doce, atingido pela lama proveniente do rompimento de barragens da mineradora Samarco, que pertence a Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, em Mariana (MG). Eles também querem a perfuração de poços artesianos e fornecimento de água.

Segundo a Polícia Militar, o protesto ocorre de forma pacífica e cerca de 120 índios permanecem na linha férrea. A ação dos manifestantes está impedindo a passagem do trem, que transporta passageiros e minério.

A índia Chirley Krenak, que participa do movimento, disse que os manifestantes encaminharam um documento com as reivindicações para a Vale, e a empresa teria informado no domingo (15) que vai ajudar por apenas quatro meses. “Nós só vamos sair daqui quando nossas propostas forem atendidas. Necessitamos do Rio Doce, é dele que tiramos nosso sustento, é a nossa única salvação”, afirma.

Segundo ela, crianças, adultos, idosos e grávidas participam do protesto, que já dura quatro dias. Está prevista uma reunião entre lideranças indígenas e a Vale nesta segunda-feira (16).

Em nota, a Vale informou que a ocupação está impedindo o transporte de água para as comunidades da região do Rio Doce. Segundo a empresa, cerca de 360 mil litros de água, sendo 60 mil litros de água mineral e 300 mil litros de água potável, provenientes de Vitória (ES), estão nos trens aguardando a liberação da ferrovia para distribuição.

A empresa reforça que continua, com apoio da Funai, as tentativas de negociação com o Povo Indígena Krenak para liberação da ferrovia. A Vale diz que tem atuado ativamente nas ações para atendimento às famílias afetadas pelo acidente.