Nesta terça-feira (10/11), a Fundação Clóvis Salgado (FCS) estreia no Palácio das Artes a ópera Lucia di Lammermoor, obra de Gaetano Donizetti, que completa 180 anos em 2015. Na montagem feita pela Fundação, a história de amor, loucura e poder dos clãs Ashton e Ravenswood, tendo ao centro o amor impossível da jovem e apaixonada Lucia, foi atualizada e ganhou contornos contemporâneos e atemporais. Esta é a segunda montagem operística que a FCS, único centro produtor de óperas no estado, realiza este ano.

Para o espetáculo acontecer, quase 300 pessoas estão envolvidas. Cerca de 80 ficam “invisíveis” ao público, ou seja, trabalham nos bastidores auxiliando na iluminação, cenário, troca de roupas, entre outros. São 72 músicos e somente do coral lírico conta com 62. Dois solistas são argentinos, e há ainda artistas de outros estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, além de Minas Gerais.

A diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, Cláudia Malta, conta que existem muitas curiosidades na montagem de uma ópera. Uma delas é o fato de os ensaios anteriores ao espetáculo serem feitos ao som de piano, já que a orquestra ensaia separadamente e também se dedica a outras programações da casa. “Para isso contratamos duas profissionais, que trabalham muito, pois elas precisam fazer o som de 72 instrumentos apenas com o piano”, explica Cláudia.

Outra curiosidade é que, nesta montagem, a solista que interpreta Lucia tem uma troca de figurino que deve ser tão rápida que não dá tempo de ir ao camarim. “Montamos um biombo no palco e ela recebe ajuda de duas camareiras e da cabelereira ali mesmo”, diz a diretora. Outra curiosidade é que mais de 70 instrumentos fazem parte do espetáculo.

Para o último ensaio geral que antecede à estreia, são convidados estudantes e professores do Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado (Cefart), bem como alunos de música e integrantes de Orquestras e Bandas de música de todo o estado .

Muitas pessoas desconhecem, mas a montagem de uma ópera requer um rígido planejamento, que tem início um ano antes, com a escolha do espetáculo, procura por elenco, verificação da agenda de cantores, encomenda de cenário, entre outros. “Em Minas Gerais, só nós fazemos ópera. Não é um gênero simples, mas temos vocação e capacidade instalada para isso”, defende Cláudia.

O presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho, revela que para 2016 já está prevista a produção de duas óperas. Ele ressalta que essa previsão somente é possível porque a FCS, sendo um órgão vinculado à Secretaria de Estado de Cultura, mantém três Corpos Artísticos profissionais, que são a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, o Coral Lírico de Minas Gerais e a Cia. de Dança Palácio das Artes, voltados para a realização de concertos e montagens operísticas, bem como à criação de dança contemporânea, respectivamente.

“É interessante observar como a Instituição vai se transformando até ficar completamente dedicada à ópera. Um mês antes da estreia, vivemos momentos de grande efervescência artística, quando recebemos os solistas, junto com o regente e diretor de cena, além de todas as pessoas contratadas para reforçar a equipe que dará vida à montagem”, diz. Nunes-Filho destaca, ainda, que a ópera é um momento diferenciado na FCS, porque é justamente onde os três corpos se encontram em um mesmo espetáculo.

 

Público diferenciado

O preço acessível dos ingressos – R$ 50 a inteira e R$ 25 a meia-entrada – e o trabalho de divulgação e aproximação feito pela Fundação Clóvis Salgado são os responsáveis por uma diversificação do público de ópera recentemente. “Percebo cada vez mais o interesse do público jovem. Estamos trazendo pessoas que nunca tinham pisado no Palácio das Artes antes”, conta o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Augusto Nunes-Filho.

O estudante Arthur Mendes Viegas, de 14 anos, não perde nenhuma montagem. “A última que vi foi Carmen, no Palácio das Artes. Era uma história que não conhecia e foi muito surpreendente. Gosto muito porque a ópera te proporciona muitos sentimentos, tem alegria, tem tristeza, tem momentos leves e fortes. Sempre saio fascinado”, conta.

Para a diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, Cláudia Malta, a plateia vem mesmo se renovando. “Acredito que é fruto de um trabalho permanente que desenvolvemos neste sentido. Oferecemos palestra sobre a ópera uma hora antes do espetáculo, na qual o maestro conversa com o público e abre o olhar do espectador para a obra que ele assistirá”, ressalta.

Outro ponto interessante é que a fundação oferece tradução simultânea para a plateia, já que o espetáculo é em italiano. “Tudo que está sendo cantado é traduzido em um telão acima do palco para que o público possa acompanhar e entender todo o enredo”, diz Cláudia.

 

Acervo cultural

Para auxiliar nas produções, a Fundação Clóvis Salgado mantém um acervo de figurinos e objetos cenográficos que ocupa mais de quatro mil metros quadrados. O Centro de Produção Técnica (CTP), como é chamado, fica em um depósito na cidade de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Para a ópera Lucia di Lammermoor, por exemplo, serão utilizados mais de 90 trajes, entre as roupas do Coral Lírico e as trocas de roupa dos figurantes. A soprano Janquelina Livieri, que interpreta a personagem Lucia, tem seis trajes diferentes. “Durante o período da montagem de uma nova ópera, o CTP é a nossa base para a feitura dos figurinos, adereços e até os cenários”, explica a diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, Cláudia Malta.

 

Serviço:

Ópera Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti

Data: 10, 16, 18, 20 e 22 de novembro

Horário: Domingo, às 19h, e demais dias, às 20h

Local: Grande Teatro do Palácio das Artes – Av. Afonso Pena, 1.537, Centro/BH-MG

Duração: 2h40, com dois intervalos de 20 minutos

Classificação: 10 anos

Ingressos: R$50 (inteira) e R$25 (meia-entrada)

Mais informações: (31) 3236-7378 / www.fcs.mg.gov.br