Cidade do Jequitinhonha vive sem prefeitura há dois anos
Há dois anos, a Prefeitura de Monte Formoso, cidade localizada no Vale do Jequitinhonha, não tem mais sede. Cada secretaria foi transferida para um local da cidade
Uma cidade que tem prefeito, mas não tem prefeitura. Essa é a realidade de Monte Formoso, município com cerca de 5.000 habitantes, localizado no Vale do Jequitinhonha.
O prefeito Dr. Afonso (PV), que também é médico, há dois anos transformou o imóvel da prefeitura em um depósito de materiais escolares e hospitalares e começou a despachar, conforme interlocutores do Executivo, no posto de saúde da cidade. As secretarias, que eram alocadas na sede, foram transferidas para imóveis espalhados pelo município.
Segundo Bau (PPS), presidente da Câmara de Monte Formoso, desde 2013, os vereadores enviaram 20 requerimentos para a prefeitura pedindo que Dr. Afonso explicasse sobre as transferências das secretarias do prédio. No entanto, nenhum deles foi atendido. “Ele não respondeu nada e faz o que quer na cidade. Enquanto isso, a população sofre e tem que aguentar calada, já que ele, praticamente, é o único médico que atende no posto de saúde, mesmo tendo médicos cubanos”, contou, afirmando que as pessoas têm medo de represálias.
Em conversa com o , o prefeito Dr. Afonso se mostrou incomodado ao responder por que descentralizou as secretarias e disse que, por comandar Monte Formoso, ele sabe o que é melhor para a cidade. “Tudo em um local só não tem condição. É muito tumulto, e a viabilidade é nula. E a população não fica confusa com a descentralização das secretarias, cada um sabe exatamente onde fica cada órgão”, disse.
Em relação aos requerimentos, o prefeito afirmou que não é obrigado a responder. “Não sou obrigado a responder a requerimento da Câmara. Mas, se tivesse recebido algum sobre a transferência do prédio, eu responderia”, garantiu.
Dr. Afonso ainda explicou como é a rotina dele. “O gabinete do prefeito e a tesouraria estão em outro imóvel da cidade, não no posto de saúde. Então, de manhã eu atendo a população, que é muito carente, no posto; depois vou até a zona rural para fazer mais atendimentos; e, por volta das 15h, vou para o gabinete. Mas eu ouço as reclamações da população sobre a cidade é no posto de saúde e nas consultas”, disse.
O prefeito também nega que tenha “barrado” as consultas dos médicos cubanos. “Temos dois médicos cubanos, mas ainda estão se adaptando. Por isso, eles ficam com os atendimentos mais simples”, diz.
Ao ser questionado por que não é possível falar com a prefeitura por telefone, já que o único número disponível cai no antigo imóvel, ele disse que a prefeitura agora só responde por e-mail para economizar. O que pode causar estranheza na população, já que nem mesmo site a prefeitura possui e ninguém atende no hoje depósito, que não teve a linha desativada. Mesmo que Dr. Afonso garanta o contrário.