Quatro caciques do PT foram identificados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) por transações bancárias com indícios de irregularidades, revela a revista “Época” neste sábado.

Segundo o órgão do Ministério da Fazenda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Casa Civil e da Fazenda, Antonio Palocci, o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel e a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, estão entre as 103 pessoas suspeitas.

Além disso, o Coaf também detalhou as movimentações financeiras de 188 empresas ligadas a eles. De acordo com o conselho, as operações somam R$ 500 milhões, sendo R$ 300 milhões somente para os quatro petistas.

As irregularidades vão de transações incompatíveis com o patrimônio, saques em espécie, resistência em informar o motivo da transação e a incapacidade de comprovar a origem legal dos recursos. O relatório, com todos os dados, foi enviado à CPI do BNDES.

Segundo a reportagem, de 29 de maio a 6 de junho de 2014, o ex-presidente Lula aplicou R$ 6,2 milhões em um plano de previdência privada da seguradora BrasilPrev. Por se tratar de uma operação de mais de R$ 1 milhão no mercado segurador, logo entrou no radar do Coaf.

Além disso, a matéria afirma que a maior parte da movimentação financeira de Lula tem como origem a empresa L.I.L.S Palestras, Eventos e Publicações.

A empresa também entrou na mira do Coaf. Entre abril de 2011 a 31 de maio de 2015, a empresa movimentou R$ 52,3 milhões, sendo R$ 27 milhões em recebimentos e R$ 25,3 milhões em transferências.

 Um dos maiores clientes da empresa de Lula é a construtora Odebrecht. A empresa pagou R$ 4 milhões a consultoria por palestras do ex-presidente e outros serviços.

Outra transação que chamou atenção do Coaf, segundo a “Época”, foi o repasse de R$ 48 mil à empresa Coskin Assessoria e Consultoria Empresarial, cujo capital social é de R$ 2 mil. A consultoria pertence a Fernando Bittar, que, no papel, é dono de um sítio em Atibaia (Interior de São Paulo), que sempre foi atribuído a Lula e este sempre negou. É a primeira prova material da relação dos dois. Bittar é sócio de um dos filhos de Lula.

Das contas da empresa no Banco do Brasil estão registradas transferências para Lula e seus filhos em R$ 1,5 milhão. A que mais recebeu dinheiro foi Lurian Cordeiro Lula da Silva, R$ 365 mil, em seguida Luis Claudio Lula da Silva, dono da LFT Marketing esportivo: R$ 209 mil.

Tanto as entradas e saídas de dinheiro na LILS foram apontadas como suspeitas pelo Coaf.

De acordo com o relatório do conselho, obtido por “Época”, houve “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”. Lula, apesar de ter movimentado R$ 52,3 milhões entre crédito e débito, tem uma renda mensal de R$ 3.753,36.

Já Antônio Palocci, segundo a revista, movimentou entre janeiro de 2008 a abril de 2015, por meio de sua empresa Projeto Consultoria Empresarial — que tem quatro funcionários e outras associadas — R$ 216 milhões.

Desse total, R$ 185,2 milhões estão relacionados à conta da empresa. Segundo a revista, o Coaf fez pelo menos 11 relatórios de inteligência financeira nas contas de Palocci e de sua empresa. Todos apontaram transações suspeitas.

O mais recente, de 20 de junho de 2011 a abril de 2015, foi constatado a entrada de R$ 52,8 milhões do caixa da Projeto.

De acordo com o Coaf, desde que saiu do governo, Palocci repassou R$ 8,4 milhões da conta da Projeto para sua conta bancária pessoal. As operações financeiras envolvendo Palocci foram enquadradas pelo Coaf como "movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente".