Orador oficial da solenidade de entrega da 60ª Medalha Santos Dumont, realizada nesta quinta-feira em Santos Dumont, o ministro da Defesa, Aldo Rebelo, destacou, em seu pronunciamento, a posição do Brasil enquanto país produtor de tecnologia de ponta no setor aeronáutico e sétima economia do mundo. De acordo com ele, a indústria aeronáutica brasileira tem posição importante nas exportações do país, o que mostra que o Brasil pode ser bem-sucedido “na indústria mais competitiva, que eleva ainda mais as exigências de pesquisa e tecnologia”.

Segundo o ministro, que recebeu do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o Grande Colar da Medalha Santos Dumont, essa posição de destaque do Brasil se deve especialmente à criatividade e persistência do inventor do avião. “Santos Dumont elevou-se, no início do século passado, na cidade de Paris (França), não apenas como um grande inventor. Elevou-se como personalidade da ambição, da ousadia, da persistência, da disciplina e da coragem humana. Ao promover, pela primeira vez, o voo tripulado de um equipamento mais pesado que o ar, Santos Dumont promoveu uma revolução científica, tecnológica e uma grande transformação no comportamento e na vida da humanidade”, afirmou Rebelo.

Para o ministro da Defesa, o aviador “elevou o nome do Brasil, mas, também, elevou o nome da humanidade e deu continuidade aos feitos e à persistência de outros brasileiros”. O ministro citou o primeiro voo de balão do padre Bartolomeu de Gusmão, nascido em Santos (SP), realizado em Lisboa, no início do século 18, e a tentativa do aviador potiguar Augusto Severo, contemporâneo de Santos Dumont, de voar por meio do balão “Pax”, em Paris, em 1902. Lembrou ainda do comandante João Ribeiro, brasileiro de Jaú (SP), primeiro aviador da América a fazer a travessia do Oceano Atlântico, depois dos feitos de Santos Dumont, e da importância do brigadeiro Cassimiro Montenegro, como criador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

“Provavelmente, nos seus sonhos, o brigadeiro Cassimiro Montenegro levasse em conta a ousadia e os feitos de Santos Dumont para buscar nos Estados Unidos, no Instituto Tecnológico de Massachusetts, o modelo para criar o ITA. Do ITA, criou-se o Departamento de Tecnologia e, a partir desse, criou-se a Embraer, que em 1968 testou seu primeiro equipamento, o avião Bandeirante”, pontuou.

Quanto à indústria aeronáutica brasileira, o ministro ressaltou o país tem “a mais absoluta hegemonia” nos aviões de porte médio. “Desenvolvemos aviões caças como o Super Tucano, o A-29, e desenvolvemos agora, e já fizemos o primeiro voo com o KC-390, o moderno e competitivo avião de transporte que vai colocar o Brasil em patamar de igualdade com os grandes fabricantes de aviões de transporte do mundo”, disse.

Rebelo lembrou também o acordo com a Suécia para aquisição de caças e transferência de tecnologia para o país. “Esses caças são fruto do acordo do Brasil com a Suécia e serão 80% fabricados no Brasil, o que tem despertado o interesse de todo o mundo. Isso não teria sido possível sem essa ousadia do Brasil, sem os feitos do grande mineiro Santos Dumont, sem os sonhos do brigadeiro Cassimiro, sem o ITA, sem o Departamento de Tecnologia e sem a Embraer”.

Citando “momentos de pessimismo” da sociedade, o ministro Aldo Rebelo ressaltou que “não se constrói uma sociedade sem ousadia”, aos moldes do que foi feito pelo “Pai da Aviação”. “Não somos (o Brasil) por acaso a sétima economia do mundo. Em momentos onde o pessimismo de setores da sociedade ultrapassa os limites do desejável, não se constrói uma sociedade nem conseguimos dar passos para o futuro”, afirmou.

Agraciados

Entre os 130 homenageados com as comendas nos graus Ouro, Prata e Bronze, a tenente coronel Liana Caron de Oliveira, psicóloga da Aeronáutica há 26 anos, disse que solenidades como a da Medalha Santos Dumont “celebram o início das Forças Armadas no país e a importância do inventor mineiro na criação do poder aéreo”. Para o presidente da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Santo Dumont, Cláudio Antônio Luiz, “é excelente ser o único representante do setor de serviços da cidade, sua terra e terra do pai da aviação”.

Já o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom João Justino de Medeiros, disse ser uma honra reconhecer o papel de Santos Dumont para o país. “Como mineiro, trabalhando em Minas, eu me sinto honrado por estar aqui. Sobretudo, reconheço a importância do aviador para a ciência e reconheço a tradição do nosso Estado na vida cultural e política do país”, ressaltou.