Parlamento Jovem dá lição de cidadania a estudantes mineiros
No final da etapa estadual desta 12ª edição, participantes fazem balanço, elogiam projeto e relatam evolução pessoal.
O projeto de formação política Parlamento Jovem de Minas, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com a PUC Minas e câmaras municipais e que acaba de encerrar sua edição de 2015, mudou a vida do advogado André Dell'Isolla Denardi, de 25 anos. Ele participou da edição de 2007, quando ainda era um estudante do ensino médio do Colégio Santo Antônio, da Capital. Apesar de já se interessar por política antes disso, Denardi percebe que o projeto promoveu mudanças em sua forma de ver o mundo e, por isso, o considera como um instrumento de promoção da cidadania.
André Denardi conta que, com o fim da edição de 2007, a política entrou de vez na sua vida. Ele participou da criação de um departamento político dentro do grêmio estudantil e a iniciativa possibilitou a ida do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) à escola para emitir títulos de eleitor para os alunos e, ainda, a promoção de um debate com os candidatos a prefeito de Belo Horizonte nas eleições de 2008. Depois disso, já cursando Direito na PUC Minas, ele também participou da fundação do Diretório Acadêmico da faculdade.
Mas seu envolvimento com a política não parou por aí. Em 2012, André Denardi se candidatou a vereador em Belo Horizonte. Não se elegeu, mas conquistou 1.385 votos e considerou a experiência valiosa. "Tinha R$ 3 mil para gastar com a campanha. Criei um canal no YouTube. Eu ia às diversas regiões da Capital e mostrava os problemas e demandas", contou.
Atualmente, André Denardi trabalha como assessor político do deputado João Leite (PSDB). Para o futuro, ele pretende fazer um concurso público. Mas ressalta que não vai se esquecer do aprendizado que obteve a partir do Parlamento Jovem de Minas. "Ciente dos problemas e das limitações da política, acredito que esta ainda é a única forma de se promover melhorias sociais", destacou.
Exemplo - A expectativa dos responsáveis pelo projeto é que o exemplo de André Denardi se multiplique entre os estudantes que, anualmente, participam da iniciativa. E se depender da empolgação de Ana Cláudia da Silva Figueiredo, de 17 anos, isso vai acontecer. Ela participou pela primeira vez do Parlamento Jovem neste ano. Estudante do 3º ano da Escola Estadual Desembargador Moreira dos Santos, no município de São Gonçalo do Rio Abaixo (Região Central do Estado), ela ressaltou que entrou no projeto só por curiosidade, mas iniciativa extrapolou suas expectativas.
"Sou muito crítica e gosto de participar da vida em comunidade. O projeto é uma oportunidade de termos voz", resumiu. Sobre o tema debatido neste ano, ela salientou que foi interessante pensar em segurança pública e direitos humanos de forma conjunta.
Pela primeira vez no Parlamento Jovem de Minas na edição de 2015, Enedilson Fernandes Júnior, de 15 anos, estudante do 1º ano da Escola Estadual Ali Halfeld, em Juiz de Fora (Zona da Mata), afirmou que adquiriu muito conhecimento a partir do projeto. "Aprendi sobre o trabalho do Legislativo, sobre as várias etapas de tramitação de um projeto até que seja sancionado", pontuou.
Integração - Já Igor Evangelista, de 17 anos, aluno do 3º ano da Escola Estadual Professor Emílio Pereira de Magalhães, em Itabira (Central), contou que esta última edição possibilitou que os estudantes das cidades que integraram o Polo Médio Piracicaba se encontrassem mais para discutir os temas relevantes para a região. Essa é sua segunda participação no projeto e Igor adiantou que, no próximo ano, deve atuar como coordenador do Parlamento Jovem de Minas em Itabira.
"Amo esse projeto. Temos acesso a palestras com excelentes professores, que nos abrem a cabeça para uma visão mais crítica. Passamos a enxergar que não devemos apenas reclamar do que não está bom, mas também sugerir melhorias", afirmou.
Crescimento rápido traz novos desafios
A coordenadora do projeto no Polo Triângulo e Noroeste, Rochelle Gutierrez, ressalta que o projeto tem crescido em ritmo rápido e isso traz novos desafios. "Percebemos que essa expansão tem acontecido com qualidade. Mesmo com alguns percalços, notamos que o projeto tem continuidade porque seus pilares são fortes", avaliou. Participando pela terceira vez, ela relatou também o amadurecimento dos alunos para lidar com o tema.
Rochelle destacou ainda que, em 2016, outras câmaras municipais devem aderir ao projeto e, ao que tudo indica, o polo vai se dividir. "Haverá uma reorganização. Isso é instigante no projeto porque ele se remodela a todo ano", acrescentou.
Já para a coordenadora do projeto em Nova Serrana (Centro-Oeste de Minas), Ivane Ferreira da Silva, o tema discutido em 2015 foi muito oportuno, tendo em vista que o município tem histórico considerável de violência. "O assunto estimulou os jovens a pensarem sobre o futuro da comunidade que eles estão inseridos", comentou. Ela ressaltou também que o projeto possibilita que os jovens sejam mais ativos na política.
Mais câmaras participantes em 2016
A expectativa para 2016 do coordenador do projeto pela PUC Minas e professor do Instituto de Ciências Sociais, Alexandre Eustáquio Teixeira, é de que cerca de dez câmaras municipais novatas participem do Parlamento Jovem de Minas. Ele relatou que, em função disso, o número de polos também deve aumentar.
Uma das interessadas é a Câmara Municipal de Paula Cândido (Zona da Mata). O vereador do município, Agnaldo Coelho de Almeida, disse que teve conhecimento do projeto pelo Portal da Assembleia. A partir daí, buscou se aprofundar no Parlamento Jovem de Minas e viu sua importância. "O projeto desperta o interesse dos jovens para a política. E ainda possibilita que os alunos aprendam da melhor forma o que é política, extrapolando a visão negativa do assunto", disse.
O coordenador pela PUC Minas, Alexandre Teixeira, acrescentou que já se pode perceber uma evolução qualitativa e quantitativa do Parlamento Jovem ao longo dos anos. Segundo ele, a execução do projeto mostra o amadurecimento dos estudantes e mais qualidade das proposições. "As propostas estão mais alinhadas às políticas públicas e mais factíveis", salientou. Em relação ao salto quantitativo, Alexandre relatou que, nos últimos três anos, o projeto foi ampliado de 18 para 27 e, depois, para 38 municípios, o que foi permitido pela regionalização.
Alexandre também refletiu sobre o tema debatido neste ano. "As proposições vão ao encontro do que foi discutido. Trabalhamos o tema da segurança pública no sentido da ampliação de direitos e não da restrição", contou. Sobre o tema definido para a edição de 2016 – mobilidade urbana, ele esclareceu que a abordagem será ampla e envolverá também o campo.
Mobilidade - Segundo a gerente-geral da Escola do Legislativo, Ruth Schmitz, o tema votado para o próximo ano é relevante porque diz respeito às cidades e ao Estado e, assim, atende às especificidades do projeto, que conta com etapas municipais, regionais e Estadual. Outra característica do tema que ela destacou são as suas várias facetas. Ruth citou que os problemas de mobilidade são diferentes em cada lugar. Por exemplo, em uma pequena cidade, o gargalo pode ser o transporte entre zona rural e a sede da cidade.
Para a gerente-geral, o desenvolvimento do projeto tem evoluído a cada ano e isso repercute na qualidade das propostas definidas. "Tivemos, mais uma vez, a prova de que a juventude está sendo preparada de forma coletiva a pensar sobre políticas públicas", enfatizou.