Falta d’água já é motivo de guerra no Vale do Jequitinhonha
Com a seca prolongada, a água passa a ser alvo de disputa entre populares e produtores rurais. A indignação da população é que os produtores estão retendo o que resta nos rios para irrigação e manutenção das lavouras ou até mesmo para dar aos animais.
Em alguns casos, como é mostrado no povoado da Tampera, populares já falam em irem a luta para buscarem o que resta nos córregos.
Uma briga semelhante foi registrada na cidade de Mata Verde, onde produtores deixaram toda a cidade sem água por mais de cinco dias. Graças à intervenção do prefeito a situação foi temporariamente resolvida.
Um vídeo que circula na INTERNET mostra uma fila enorme de pessoas, na cidade de Itambacuri, esperando a sua vez de pegar um pouco de água para levar para casa. Na fila aparecem crianças, adolescentes, mulheres, enfim - famílias inteiras em desespero para conseguir a água para as necessidades mais básicas.
O Vale do Jequitinhonha tem vivo um dos seus piores momentos de seca. Em algumas cidades já são mais de seis meses sem chuva. Se continuar assim, a única gota que o chão verá, será a de sangue. Esperamos que haja paciência e solidariedade neste momento de crise.
Ótima notícia:
A Fundação Estadual do Meio Ambiente lança nesta quarta-feira (21/10), na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o Índice Mineiro de Vulnerabilidade Climática (IMVC), instrumento inédito no país. O objetivo é prever os riscos gerados pela vulnerabilidade às mudanças climáticas nas quais os municípios mineiros estão expostos e fornecer subsídios para o planejamento de ações.
O Índice, disponível na plataforma online Clima Gerais está sendo lançado juntamente com o edital do BDMG, que irá disponibilizar uma linha de crédito no valor de R$ 50 milhões para financiar projetos de infraestrutura municipal voltados para questões climáticas e para a universalização de serviços básicos.
Um dos critérios que será usado pelo BDMG para avaliar as solicitações de financiamento dos municípios serão as informações disponibilizadas no IMVC.
O IMVC foi desenvolvido em parceria com a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), por meio de termo de cooperação técnica, e é uma ferramenta que permite avaliar o nível no qual os municípios de Minas Gerais são suscetíveis ou incapazes de lidar com os efeitos negativos das mudanças climáticas.
A avaliação da vulnerabilidade é um instrumento relevante, que agrupa uma série de indicadores econômicos e socioambientais para medir a sensibilidade, a exposição e a capacidade de adaptação local às mudanças climáticas e seus impactos. Ao todo foram usados 28 indicadores para elaborar o Índice.
O Índice será um importante instrumento para criar políticas públicas para prevenir danos e adaptar as cidades às mudanças do clima. O IMVC foi construído a partir da adaptação da metodologia indicada pelo Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC (Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas).
O IMVC concluiu que 78% das cidades mineiras têm alta sensibilidade às mudanças climáticas e 15% dos munícipios estão em áreas de vulnerabilidade extrema. O índice detectou, também, que cerca de mais da metade das cidades mineiras têm uma capacidade relativamente baixa de se adaptar às mudanças do clima e seus efeitos. Juntas, estas cidades possuem uma população de mais de cinco milhões de pessoas.
Segundo o gerente de Energia e Mudanças Climáticas da Feam, Felipe Nunes, o Índice consiste em um arranjo de vários indicadores selecionados em função das respostas de sistemas biofísicos e socioeconômicos às mudanças nas condições climáticas ao longo do tempo.
"A avaliação da vulnerabilidade às alterações climáticas, no âmbito municipal, subsidia os gestores públicos e tomadores de decisão na identificação de fragilidades e auxilia na formulação de estratégias de adaptação como resposta aos impactos observados sobre população, economia e meio ambiente", explica Felipe.
O gerente ressalta, ainda, que a partir do IMVC, o Estado de Minas Gerais e os municípios podem definir metas de redução da vulnerabilidade territorial e monitorar o impacto das políticas públicas para adaptação às mudanças climáticas.
A partir de 2016, a Feam fará chamadas públicas para que os munícipios mineiros que desejarem receber apoio técnico do Estado no desenvolvimento de estratégias e políticas públicas se inscrevam junto à instituição.