Sem querer ser careta ou retrógado, o que temos observado na televisão com relação a telenovelas chega às raias do absurdo. O que em outros tempos era considerado proibido para as crianças, agora tornou-se normalíssimo. Cenas da pesada em que o erotismo é apresentado em dose cavalar, são exibidas sem qualquer restrição em horário impróprio.

O realismo e surrealismo com que tudo acontece ao vivo e em cores, em outros tempos faria corar até um Marquês de Sade ou uma Cassandra Rios. O sexo é usado e abusado de todas as formas imagináveis, inclusive com violência e taras indescritíveis, próprios dos irracionais, a que dão o nome de "loucuras de amor".

A barra é realmente pesada. Tudo que um casal faz entre quatro paredes é visto sem qualquer disfarce. Vantagem ou desvantagem para uma infância que se inicia, ainda em plena formação física e mental.

Com esta vulgarização do sexo, fonte de vida e de amor, onde se formata o ser humano, "ficou vulgar e fastigioso", no entender do escritor e jornalista J. Duarte, barranqueiro do Jequitinhonha, oriundo de Belmonte, lá no extremo sul da Bahia.

O anormal tornou-se tão normal no século em que vivemos, que a maioria absoluta dos pais pouco ou nada estão se importando que seus filhos em tenra idade, assistam ao que ainda estão muito longe de entender. Para eles tanto fez tanto faz. Preocupados com o dia a dia, com os compromissos e obrigações, os valores éticos e morais parecem nada lhes significar, esquecendo-se que a educação e as normas de boa conduta começam em casa. Cedo.

Em busca de notoriedade, fama, dinheiro e audiência os autores de novelas inserem em seus textos, sem qualquer restrição, tudo que possa prender a atenção dos telespectadores desatentos, explorando os baixos instintos que animalizam e recrudescem as mentes mal formadas. Parecem até que não possuem família e crianças em casa, tão obcecados estão pela vulgaridade que ultrapassam as fronteiras da tolerância e da dignidade humana.  

Acham esses autores sedentos de público e fama que moralidade e decôro, são normas antiquadas que caíram em desuso e que não há mais espaço para a caretice dos "quadrados ao quadrado".

O absurdo chega a tal ponto que os autores incitam e exploram as mentes infantis ao fazerem uma apologia da bissexualidade ou mais precisamente do homossexualismo, como sendo isso a coisa mais natural do mundo. E como se não bastasse exemplifica-o através de cenas picantes, rigorosamente para adultos.

O que é de estarrecer (se esta é a expressão correta) é como a censura (será que ela ainda existe?) assiste com tamanha passividade e indiferentismo a esse bombardeio impiedoso dos nossos costumes e tradições.

"As almas infantis, são brandas como a neve / São pérolas de leite em urnas virginais / Tudo quanto escreve e fala / Cristaliza em seguida e não se apaga mais".

Que dizem os senhores novelistas sobre esta maravilha do grande e genial Guerra Junqueiro?

 

*Sebastião Lobo é jornalista, advogado, colunista do Diário,  escritor, autor de vários livros e membro da Academia de Letras de Teófilo Otoni