Fazendeiro é condenado a 115 anos de prisão pela Chacina de Felisburgo, mas não vai para a cadeia
A Justiça condenou o fazendeiro Adriano Chafik a 115 anos de prisão pelo crime que ficou conhecido nacionalmente como Chacina de Felisburgo.
A Justiça condenou o fazendeiro Adriano Chafik a 115 anos de prisão pelo crime que ficou conhecido nacionalmente como Chacina de Felisburgo. Washington Agostinho,funcionário de Chafik, também foi julgado e condenado a 97 anos e seis meses de prisão. Os dois foram acusados pela morte de cinco trabalhadores e pelas lesões corporais de mais sete ocupantes de um acampamento do Movimento dos Sem Terra, ocorridos em novembro de 2004 na cidade de Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha.
A sessão de julgamento teve início na manhã dessa quinta-feira. Os réus Francisco Rodrigues de Oliveira e de Milton de Souza também seriam julgados, porém, o juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes, que presidiu os trabalhos, aceitou o pedido da defesa de Adriano Chafik e Washington Agostinho para desmembrar o júri. Ele fixou a data de 23 de janeiro de 2014 para o julgamento dos outros dois acusados.
O advogado dos acusados, Sérgio Habib, já entrou com recurso pedindo a anulação do júri. O julgamento durou mais de 15 horas e terminou na madrugada desta sexta-feira. Em seu interrogatório, Chafik jogou a culpa nos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) pelo massacre que resultou na morte de cinco trabalhadores rurais e deixou outros 12 feridos, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, em 2004. O julgamento dele e de Washington Agostinho, começou ontem, no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte. Em seu depoimento, Chafik afirmou que não premeditou a ação. Ele disse que foi à Fazenda Nova Alegria monitorar a propriedade após o sumiço de 15 cabeças de gado no período da ocupação do MST, e que um grupo de cem trabalhadores o cercou. “Um deles me cortou com um facão. Eu estava armado com um revólver, dei um tiro no chão e outro na direção dele, não sei se pegou. Depois, fomos embora, e não vi mais nada”, disse. Questionado pelo promotor Cristiano Gonzaga Nunes sobre quem teria incendiado as 27 casas do acampamento, o fazendeiro responsabilizou os próprios membros do MST."Talvez eles mesmos tenham colocado fogo nas casas, pode ter sido para me incriminar. E eles estavam armados com armas de chumbo, não sei se eles próprios se feriram”, disse o fazendeiro. Já Washington Agostinho desmentiu todos os depoimentos dados à polícia, quando tinha confessado participação no crime. Nos debates entre acusação e defesa, o promotor Cristiano Nunes pediu a condenação dos dois, citando que Chafik “foi o engenheiro” do plano para matar os trabalhadores rurais.
Eles foram condenados pelos crimes de homicídio qualificado, lesão corporal, incêndio e formação de quadrilha. A sentença foi lida às 2h da manhã desta sexta-feira. Os réus foram absolvidos em relação a tentativa de homicídio contra cinco das vítimas. Mesmo condenados, fazendeiro e empregado deixaram o Fórum de Belo Horizonte pela porta da frente, já que o Superior Tribunal de Justiça concedeu a eles o direito de ficar em liberdade até o julgamento dos recursos, decisão considerada absurda pelo promotor Christiano Leonardo Gonzaga.